O CORONEL-FILÓSOFO GOURMET

Vou tentar contribuir para que se decifre a “razão muito prática” de Ciro Gomes para o apoio dissimulado a Bolsonaro (porque a neutralidade, nessas circunstâncias, nunca será neutra).
O agora filósofo Ciro Gomes pode estar fazendo o caminho de volta às suas origens, que estão na Arena do coronelismo gourmet do Ceará.
Em 2002, ele tentou, por adequação às circunstâncias, andar em direção às esquerdas, quando ganhou o apoio de Brizola na campanha à presidência.
Mas desde então Ciro caminha para todos os lados, como uma galinha solta no pátio já sem a cabeça, e ninguém sabe direito qual é o verdadeiro lado de Ciro. E nem onde foi parar a cabeça.
A razão prática pode ter sido essa. Pensando em 2022, ele se afasta do PT e das esquerdas e faz o seguinte raciocínio: se o Brasil andou para a direita, eu quero, mais adiante, ser uma opção de falso ‘centro’.
Ciro Gomes desistiu de parecer de esquerda e vai com tudo para a direita. Sua aposta é esta: Bolsonaro se quebra e o que virá mais adiante não será um apelo pelo retorno aos tempos de políticas públicas progressistas, mas de reafirmação do reacionarismo.
É nesse espaço do conservadorismo que ele pretende atuar. Ciro se prepara para ser o que sempre foi e deixará de ser o que muita gente boa achava que ele era.
Não, Ciro não é um filósofo. É um coronel nordestino com algum lustro. Esse é dado que não está escondido, mas sim explicitado pela razão prática da sua decisão.

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