O fascismo miliciano conseguiu: o brasileiro duvida e suspeita de quase tudo

É grande a dose de desconfiança do brasileiro médio nas conclusões da polícia sobre o assassinato dos três médicos na Barra da Tijuca. Porque há muito tempo não se confia em mais nada, ou se confia muito pouco.

Principalmente, no caso do Rio, porque até hoje não sabemos quem mandou matar Marielle e possivelmente nada saberemos de concreto sobre dos crimes e da roubalheira quando da intervenção do Exército no Estado em 2018.

Mas parece que às vezes há um exagero, a partir das hipóteses conspirativas, como aconteceu agora, de que a política é a motivação ou o obstáculo para a investigação de um crime. Mataram o médico Diego Ralf Bomfim porque é irmão da deputada do PSOL Sâmia Bomfim?

Será que não vamos gastar energia demais desconfiando das primeiras conclusões da polícia sobre a execução dos médicos? De que foi um erro dos milicianos. De que um médico era incrivelmente parecido com um inimigo dos matadores. De que há gravações indicando que os assassinos deveriam se dirigir ao local onde estavam os médicos.

Vamos, pela insegurança, adotar alguns dos mesmos métodos do fascismo, que já se encarregou de disseminar confusões e informações mentirosas e depreciativas sobre o médico irmão da deputada? Vamos fomentar suspeitas porque agora todos somos detetives de alguma coisa?

É razoável que se pergunte, entre as motivações para desconfianças, se a polícia deveria ter sido tão apressada em tentar esclarecer os crimes. A resposta é dada pela própria polícia: os dados eram de evidências esclarecedoras.

Dá para supor, em meio a tanta gente envolvida nas investigações, que um grupo não confiável da polícia, fechado numa sala, possa inventar conclusões para o acobertamento de criminosos e a descaracterização do fato como um episódio político?

Desde a ascensão do fascismo o Brasil é um país viciado em suspeitas, deduções e percepções gerais de gente que desconfia de quase tudo. O que seria sinal de vivacidade, vigília e sentido crítico passa a ser uma obsessão.

O Brasil que desconfia do Supremo, da Polícia, do Ministério Público, do Congresso e do governo repete aqui o que se passa pelo mundo todo.

Americanos, franceses, peruanos, italianos, bolivianos têm repulsa pela política, porque o trabalho da extrema direita deu resultados. Por conexões, às vezes enviesadas, da política com todo o resto, desconfiam das instituições e das autoridades.

No Brasil, a extrema direita bolsonarista é a vitoriosa. Desqualificou a democracia, usada para ser destruída, e transformou a maioria em refém da sua capacidade de propagar mentiras, conspirações, ódios e violência, estando ou não no poder.

As milícias estão por toda parte, inclusive nas polícias e possivelmente muito mais na política formal, de representação, com mandato e poder em todas as áreas e instâncias.

2 thoughts on “O fascismo miliciano conseguiu: o brasileiro duvida e suspeita de quase tudo

  1. Moisés, como morador do interior do Rio, atento apenas para um fato: todos os ataques {e não são poucos) de traficantes e de milicianos a algum alvo que tenham, são feitos com armas pesadas, não pistolas, com tiros em abundância na direção em que esteja o pretenso alvo, abrangendo toda a área em volta. São muitas balas perdidas e normalmente com inocentes atingidos (fora do alvo efetivo).
    Outro ponto é que tais ataques são feitos em movimento, ou seja, esses criminosos passam atirando de algum veículo. Nenhum deles se arriscaria a deixar um veiculo a vários metros do local para enfrentar “cara a cara” sua vítima, principalmente porque as pessoas à volta dela poderiam ser seguranças também armados.
    Partindo disso, vê-se que esse não foi o caso, pois os assassinos saíram do carro que ficou afastado, alvejaram as vítimas com pistolas e sem “perder” nenhum tiro.
    Creio que isso seja o máximo que se possa inferir da situação! É impossível determinar a motivação neste momento, assim como considero impossível aceitar a versão apresentada pela Civil carioca. Foi uma ação praticada por profissionais de tiro, muito bem orquestrada e sem possibilidade de engano quanto ao alvo, já que os criminosos não se preocuparam com revide de possíveis capangas que estariam acompanhando um miliciano tão procurado por aqui.

    1. Entendi que você questiona as suposições que têm sido feitas por muitos. Apenas quis ilustrar a situação de uma forma que não tem sido considerada.

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