O MUNDO DOS BOLSONAROS

Alguém esperava que Eduardo Bolsonaro (ou qualquer outro dos Bolsonaros) dissesse algo diferente do que foi dito agora pelo filho deputado? Eu não esperava.
Eduardo Bolsonaro escreveu no Twitter que Lula é um privilegiado se for conduzido de helicóptero ao velório do neto. E que o ex-presidente deveria ser tratado como um preso comum, porque é “larápio” usará o enterro para “posar de coitado”.
O deputado Bolsonaro tem tratamento especial, com foro no Supremo, para a investigação em que é acusado por uma ex-namorada de ameaça de morte, com provas em mensagens entregues à Justiça.
O irmão dele, Flavio, senador, também tentou ganhar esse privilégio, na investigação do caso do Queiroz e das milícias do Rio das Pedras. Não conseguiu.
Mas Lula, segundo Eduardo, que nunca se envolveu com milícias, não poderia ter tratamento especial, nem no momento da velar o neto.
Os Bolsonaros, todos eles, do pai aos três manos, dizem o que pensam, sempre em voz alta. E dizem não só porque devem se mostrar autênticos. Porque eles poderiam pensar e não dizer nada num momento de consternação.
Dizem porque, mesmo em meio às desgraças, eles sempre se posicionam politicamente. Os Bolsonaros descobriram, antes dos cientistas políticos, que o Brasil escondia uma gigantesca alma coletiva amoral (não imoral, mas amoral mesmo, sem moral alguma, sem referências de conduta) ressentida, vingativa, imbecilizada, infantil.
E os Bolsonaros se deram conta de que esse contingente idiotizado estava à espera de vozes que os representasse. Os Bolsonaros são a expressão desses grupos amorais, com ricos, pobres, classe média, mulheres, jovens.
São grupos com muito mais gente do que se pensava até pouco menos de um mês antes da eleição, ou todos os Bolsonaros não teriam sido eleitos com as votações que tiveram.
Quando ataca o Lula destroçado pela morte do neto, Eduardo Bolsonaro faz a reafirmação de sua postura ‘política’ junto a esse público, antes de expressar qualquer outro sentimento. É preciso reafirmar: Lula deveria ser condenado até mesmo a não se despedir do neto.
E o público aplaude. Não vamos nos enganar. No entorno de todos nós, nas empresas, nos aeroportos, nas lojas, nos balcões, nas paradas de ônibus, nas ruas, tem gente aplaudindo Eduardo Bolsonaro. Intimamente, milhões de brasileiros dizem o que Eduardo Bolsonaro está dizendo.
E muita gente está aí do seu lado. Não há como disfarçar. Eduardo Bolsonaro é apenas a voz dessa gente.

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