O QUE SERÁ DE PORTO ALEGRE?
Perguntem nas vilas de Porto Alegre o que os eleitores do gestor acham da sua gestão. Quem mora ou circula pela zona sul conhece Joãos e Marias reais, não as figuras de marketing que o gestor mostrava na propaganda eleitoral e que ele nunca tinha visto antes.
E as pessoas hoje dizem o seguinte. Que votaram no gestor achando que ele seria aqui, como o Júnior de São Paulo, o não-político, a cara nova nesse mundo desacreditado da política.
O gestor se elegeu porque muita gente não sabia que ele, de tão medíocre que era como deputado, não tinha nada a apresentar. O gestor não tinha história, não tinha acervo político próprio, não tinha projetos. Tinha um sobrenome.
Sim, muitos Joãos e Marias acreditaram na conversa fiada do sujeito que andava sem parar na campanha, apresentando-se como o ‘novo’ que caminhava, porque se parasse teria que pensar. Mas a maioria dos eleitores (quase dois terços) o rejeitou, incluindo abstenções, votos em branco e nulos.
Dessa minoria que o elegeu, muitos não sabiam que o gestor é político profissional há 14 anos. E quase ninguém sabia, além dos seus eleitores fixos, que ele era deputado da ala apagada da Câmara. Tão apagado que nem do baixo clero o gestor conseguia ser.
Ah, mas dirá a direita, o gestor se elegeu. Sim, elegeu-se, assim como o Júnior de São Paulo e outros que a direita apresentou como não-políticos.
E agora? Agora, muitos dos eleitores do gestor foram para o outro lado, mesmo que ele entenda que os outros lados não valem nada. Também foram para outros lados, além de Joãos e Marias, antigos parceiros do gestor.
No fim, ele pode ficar só com os lados com interésses nas privatizações do patrimônio e dos serviços públicos de Porto Alegre, incluindo a água. Mas este talvez seja o lado que interessa ao gestor. Nada é mais antigo na política de Porto Alegre do que o gestor da cidade.
(O desenho é do gênio sueco da arte gráfica Mattias Adolfsson, que tem a obsessão de desenhar prédios e cidades como alegorias.)
