Um procurador sem powerpoint
Os que sempre duvidaram do esforço dos delatores para atingir Lula e fazer média com o Ministério Público e o Judiciário devem ler os argumentos de um procurador da República ao desqualificar as acusações feitas por bandidos da Lava-Jato contra o ex-presidente.
Ivan Claudio Marx, do Ministério Público em Brasília, chegou a partir para o ataque, no ano passado, como fazem os procuradores de Curitiba, e tentou enquadrar Lula por obstrução de Justiça, num inquérito aberto com base em acusações de Delcídio do Amaral.
Delcídio disse que Lula atuava para embaralhar a ação do Judiciário. O procurador revisou suas posições e acabou agora por desmontar a acusação ao dizer que o ex-tucano (como tantos outros, e ele citou Nestor Cerveró) buscou apenas atingir Lula para obter benefícios como delator.
O argumento do procurador é o mesmo usado pela defesa de Lula. O Brasil sabe que as delações da Lava-Jato só prosperam se Lula for o alvo. Pois um procurador, e não um petista e tampouco um defensor de Lula, vem a público dizer que as denúncias são muitas vezes apenas uma tática, sem provas que as sustentem.
Mas a decisão de Ivan Claudio Marx é uma exceção. A Lava-Jato orienta suas ações pela caçada a Lula. Tanto que o acordo para a anunciada delação de Antonio Palocci não estaria prosperado porque faltam ataques mais contundentes a Lula, que permitam dar alguma coerência ao desenho do powerpoint infantil com a bolinhas azuis de Deltan Dallagnol.
