Vitupérios

Um dia perguntaram a um poeta, em meio à sinceridade de uma bebedeira, como ele conseguia fazer uma poesia tão ruim. O poeta, que não havia bebido, disse como homem sóbrio que sua poesia tinha muita coisa de Camões.
Alguns poetas de hoje podem dizer a mesma coisa, na maior sobriedade. E talvez o motivo de muita poesia ser tão ruim esteja aí na tentativa de trazer Camões, do jeito que dá, para o século 21.
Eu mesmo, quando quero dar uma enganada, chego a escrever uma abundância de metáforas: ó, vós, de quem não esperamos jugo e vitupério, mas feitos pátrios justos e valerosos…
E aí alguns desavisados pensam que estou escrevendo algo lírico, épico e grandioso e estou apenas tentando falar da pequenez do Gilmar Mendes.

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