A ERA DA MEDIOCRIDADE

Uma explicação possível, entre tantas outras, para que um sujeito até bem pouco tempo sem nenhuma expressão política seja hoje alternativa de poder no Brasil. Essa é a Era da Ascensão dos Medíocres, em todas as áreas.

Não é um fenômeno apenas político. Bolsonaro não é alternativa de poder apenas por criar expectativas definidas antigamente como populistas. Ele é o melhor exemplo do rebaixamento de ideias e posturas, em todas as frentes, na educação, na arte, na cultura, no jornalismo, nos costumes, na convivência humana. Até nas religiões.

Bolsonaro prospera porque é o nosso melhor medíocre em meio à ascensão do bizarro, do racismo, da homofobia, da xenofobia, da deseducação, da grosseria. Bolsonaro é o candidato dos grosseiros, dos gritões, do macho inseguro.

Quanto mais besteira falar, mais irá adiante. Nunca teve expressão como vereador ou como deputado. Nunca foi nem mesmo do núcleo de ação da direita no Congresso e nunca seria do núcleo pensante do golpe.

Sempre foi visto como uma figura folclórica, desbocada e agressiva. Hoje é o líder da classe média ressentida.

Quando Bolsonaro fala da reversão da vasectomia e oferece, ao vivo no Jornal Nacional, detalhes dos dois litros de sangue e das fezes que quase o consumiram, ele chega aos seus melhores momentos. Porque Bolsonaro descobriu o ponto exato da fala na Era da Mediocridade.

Nesses tempos da retórica que comove ao citar fezes, sangue e vasectomia, até as elites brasileiras ficaram medíocres.

Um dia o poder da direita empresarial foi exercido por Mario Amato, o reacionário que ameaçava liderar uma fuga do Brasil se Lula fosse eleito.

Quem se lembra de Mario Amato? O presidente da Fiesp foi um industrial respeitado. Pois hoje o líder empresarial brasileiro é Luciano Hang, o dono da Havan.

O atual líder dos empreendedores do Brasil tem uma rede de lojas de cama, mesa e banho. Vive da importação de quinquilharias da China e teme o comunismo.

Bolsonaro é o que metade do Brasil merece no momento. O Brasil medíocre merece Bolsonaro, a Havan e Luciano Hang. Enquanto eles preparam Luciano Huck.

(A imagem é de Caim na escultura de Henri Vidal)

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