A noite em que Neto e Borghetti perderam o emprego
Hoje, o relato do Porta na Cara é do Neto Fagundes. Neto conta como foi que ele e o Renato Borghetti levaram um pontapé na bunda do novo gerente de um bar em que tocavam. Eram dois guris e ficaram sem rumo. Será?
O FIM DO SHOW NO BOTECO
NETO FAGUNDES
Eu e o Renato Borghetti tocávamos num boteco aqui de Porto Alegre, que estava sempre lotado de gente, principalmente de universitários. Era início dos anos 80.
Tínhamos uns 20 anos e estávamos começando. Eu fazia faculdade de Direito, e o Renato, de Veterinária. A gente pagava o curso a graninha do cachê.
Até que um dia muda o gerente do bar. Ele também era cantor e músico e conhecido nosso. Pensamos, os dois: se o cara é nosso parceiro, é agora que vai ficar melhor ainda.
Pois o gerente chegou uma noite, a gente estava ajeitando os instrumentos para começar o show, e anunciou seu primeiro ato: disse que não havia mais lugar pra nós dois ali.
– Eu vou fazer a música da casa – foi o que ele nos disse.
Estávamos na rua. Pegamos o violão e a gaita e fomos para o Bom Fim. Nos sentamos arrasados no bar Luar Luar, que ficava na esquina da Osvaldo Aranha com a Fernandes Vieira, ali no começo da Redenção. E agora, vamos fazer o quê?
Pois fomos para a estrada fazer shows. Aconteceu uma virada nas nossas vidas. Acabamos cada um indo para um lado, em carreira solo.
O Renato estourou com a Milonga para as Missões e vendeu disco sem parar. E eu também me dei bem com o Canto Alegretense e com o disco que lancei logo depois.
Não sei se, sem aquele episódio, a gente não teria se acomodado.
(Neto prefere não dizer o nome do bar e do gerente, e a gerência aqui do blog entende)