Agressores impunes

Os valentões se encorajaram ainda mais com o golpe. Um advogado agrediu a senadora Vanessa Grazziotin, na quarta-feira, dentro de um avião. Teria sido sua demonstração de coragem e civismo contra a ameaça comunista.

O valente chegou a ser detido pela Polícia Federal, mas foi solto. Anda dizendo agora que sofre ameaças por telefone. O que pode acontecer? Ganhar proteção contra eventuais ataques do comunismo.

Nada acontece contra os valentões, desde o começo das agressões contra ministros, políticos, militantes de esquerda, artistas, intelectuais.

Enquanto isso, aqui no Rio Grande do Sul, o repórter Matheus Chaparini, do jornal Já, foi preso, indiciado e denunciado como invasor de prédio público e corruptor de menores (no caso da ocupação da Secretaria da Fazenda por estudantes, em julho) e pode ser condenado. Chaparini foi apenas jornalista no episódio.

Outros têm mais sorte. Na semana passada, um comunicador, que ninguém sabe ao certo se é jornalista ou radialista  (o que pouco importa), ou se é apenas um pilantra mesmo, incitou bandidos a matarem colegas de veículos de comunicação. Até agora, deve estar por aí festejando sua valentia, sem nenhuma incomodação.

O sujeito do editorialzinho, como ele mesmo definiu, tem o direito de dizer o que bem entende, se arcar com as consequências do que diz. Até agora, pelo que se sabe, nenhuma.

Talvez venha a ser promovido, por respeito aos códigos de ética da corporação em que trabalha, e é provável até que já esteja preparando o próximo ataque. É o mesmo elemento que usou o microfone para pedir que cuspissem em Lula, no ano passado.

Golpistas violentos sabiam que estariam impunes antes do golpe. Agora, com o golpe consumado, são tomados da certeza de que, enquanto os Chaparinis são presos e processados, eles continuarão agredindo mulheres e incitando o massacre de colegas e seus filhos por assaltantes.

Pior do que a indiferença do Ministério Público (dizem que as instituições estão funcionando) é a omissão dos próprios colegas de sujeitos que desqualificam o jornalismo, o radialismo e até mesmo a pilantragem meramente comercial.

Os incitadores de violência se multiplicam, em todas as áreas, pela indiferença de quem convive com eles. É uma situação vergonhosa, no caso de rádios e jornais, porque a reincidência se retroalimenta pela certeza de que, em nome da liberdade de expressão,  nada vai acontecer.

Indivíduos com esse do editorialzinho são desqualificadores do trabalho e da imagem de quem lida com a comunicação. Eles afrontam os colegas e o público que consome o que fazem.

O efeito de suas atitudes é devastador, mas ninguém consegue conter um black bloc do microfone.

Eles existem, sobrevivem e voltarão a atacar sob a asa protetora e resignada de chefes e colegas.

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