Caçador

Pelo que li agora de uma reportagem do Globo e de uma entrevista ao Correio do Povo, o novo ministro da Educação é mais perigoso do que parece. Mais perigoso para a democracia, para a educação, para a universidade, os professores, os estudantes.
Vélez-Rodriguez era um lunático quase engraçado, apesar de se expressar pela extrema direita. Seu sucessor é um caçador de comunistas (ele diz no Correio que não), que começa a identificar inimigos dentro do próprio MEC, como mostra o Globo.
O sujeito deixou o celular ligado depois de falar com o jornal (Freud, sempre Freud) e foi grampeado involuntariamente enquanto tratava de vazamentos e conspirações internas.
Muitos sentirão saudade do tio Veléz-Rodriguez.
Mas este vai durar menos do que o colombiano. Será derrubado pelos militares.

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Novo ministro da Educação exige fim de ‘vazamentos’ à imprensa
Agência O Globo
No primeiro dia como ministro da Educação, Abraham Weintraub falou sobre evitar “sabotagem” no órgão e disse que não vai mais tolerar vazamentos de informações. As declarações foram feitas na manhã desta quarta-feira durante reunião reservada com Carlos Nadalim, secretário nacional de Alfabetização. Na conversa, o ministro aproveitou para levantar o perfil de colaboradores atuais e de demitidos da pasta ligados ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho.
Nos três primeiros meses de governo, o MEC foi um foco de polêmicas, que culminaram com a demissão, nesta semana, de Ricardo Vélez Rodríguez do comando do ministério.
No encontro com Nadalim, também ex-aluno de Carvalho, Weintraub demonstrou preocupação com as brigas internas entre as alas ideológica e militar. A conversa ocorreu por volta das 11h10 e foi ouvida pelo GLOBO após um telefonema feito para o ministro. Weintraub atendeu a chamada e deixou o celular ligado.
No diálogo de 14 minutos, Weintraub pediu informações de colaboradores da chamada ala ideológica que atuam ou atuaram no MEC.
O novo chefe da Educação perguntou sobre o perfil de Bruna Luiza Becker e Eduardo Sallenave, assessores especiais da pasta. Outro sondado foi Eduardo Melo, que era secretário-adjunto da Secretaria Executiva do MEC e foi um dos primeiros a serem demitidos no início da crise na pasta, no dia 11 de março.
O grupo ligado ao ideólogo de direita defende o retorno de Melo, atualmente na TV Escola, ao cargo. O ministro pergunta ao secretário Nacional de Alfabetização se ele é “avalista” do servidor demitido por Vélez. Diante da resposta afirmativa, Weintraub insiste: “Você garante que não está fazendo bagunça?” pergunta a Nadalim, que assegura a confiança em Melo.
Nas conversas, o ministro discorreu sobre posturas inadequadas na pasta e disse que se alguém “toma uma posição sem autorização da chefia” será “mandado embora”.
Weintraub destacou que o ministério não vai mais se pautar pelo que é noticiado pela imprensa, e que não quer ninguém fazendo “barulho” no ministério.
“Não pode sair falando (inaudível). Se ele toma uma posição sem autorização minha, é mandado embora no mesmo instante”, disse o ministro, que continua a discorrer sobre o vazamento de informações. “Quem deu autorização? Sabotagem.”
Em outro trecho da conversa, o novo ministro afirmou que havia integrantes do MEC “totalmente conectados” com a imprensa.
Polêmicas em torno da Alfabetização
Durante a reunião, Weintraub conversou sobre o decreto da Política Nacional de Alfabetização, única entrega do Ministério da Educação (MEC) para os cem primeiros dias de governo Bolsonaro, completados nesta quarta-feira.
A política está no centro de uma disputa entre o grupo ligado a Olavo de Carvalho, que redigiu uma versão do decreto sobre a iniciativa, e a ala de militares, que mandou à Casa Civil outro texto, retirando, por exemplo, o foco no método fônico.
Weintraub ouviu um relato do imbróglio diretamente de Carlos Nadalim. O ministro foi informado de que a Política Nacional de Alfabetização é uma imposição da Casa Civil para os cem primeiros dias. O MEC havia tentado focar no projeto das escolas cívico-militares, mas o Planalto determinou que se fizesse algo sobre alfabetização.
Nadalim idealizou, então, uma conferência com grandes especialistas para chegar a um relatório final a ser apresentado. Mas a Casa Civil achou que a iniciativa seria uma entrega muito “tímida” e exigiu um decreto, mandando inclusive modelos a serem seguidos.
Os trabalhos prosseguiram, mas, segundo os relatos repassados a Weintraub, a ala militar desconsiderou o texto formulado pela equipe de Nadalim, e pessoas da Secretaria de Alfabetização chegaram a ser impedidas de participar de reuniões sobre o tema.
Por fim, um documento modificado foi encaminhado ao governo nos últimos dias. A versão alterada é atribuída ao então secretário-executivo da pasta, brigadeiro Ricardo Machado Vieira, hoje demitido por Weintraub, que já indicou o economista Antonio Paulo Vogel de Medeiros no lugar.

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