CGT entra na guerra contra Milei. Mas sem os piqueteiros?

Só foi ganhar destaque na tarde de terça-feira, nos jornais de esquerda da Argentina, a informação de que a poderosa CGT (Confederação Geral do Trabalho) vai mesmo entrar na guerra contra Javier Milei e o pacote de medidas que pode destruir o país.

É a CGT, controlada pelo peronismo, que lidera a organização da marcha dessa quarta-feira em Buenos Aires, depois de se ausentar dos protestos fracassados de 20 de dezembro.

É um desafio monumental, porque politicamente arriscado. No dia 20, data em que os argentinos relembram os massacres de 2001, durante o governo de Fernando de la Rúa, a marcha flopou.

Só os piqueteiros reunidos em torno de organizações de esquerda assumiram o risco de enfrentar a ameaça de repressão de Milei e sua ministra da Segurança, Patricia Bullrich.

O resultado: menos de 10 mil pessoas marcharam pelas ruas policiadas de Buenos Aires, e menos de 5 mil foram até a Praça de maio. Por temer a ação da polícia, por falta de adesão do peronismo e também pela ausência das grandes centrais.

Desta vez, todas as centrais sindicais participarão, mas com dois detalhes importantes. O primeiro é que a marcha não se encaminhará à Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada.

As organizações dos trabalhadores e os movimentos sociais escapam da arapuca de ir ao encontro da polícia de Patricia, que protege a sede do governo. Vão se dirigir à Praça Lavalle, onde fica a Corte Suprema de Justiça.

É a pressão para que o Judiciário contenha o pacote de Milei, diante das incertezas sobre a capacidade de reação do Congresso.

mas até às 23h de terça-feira, o jornal Página 12 informava que as esquerdas piqueteiras, reunidas no Polo Obrero, e o Partido Obrero (PO), de linha trotskista, não haviam assegurado participação na marcha. Esse é o segundo detalhe.

A CGT, a CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos), a UTEP (União dos Trabalhadores da Economia Popular), a ATE (Associação dos Trabalhadores do Estado, que reúne servidores públicos) e a FOL (Frente de Organizações em Luta) darão conta da marcha?

Se os piqueteiros, que absorveram sozinhos o fracasso do 20 de dezembro, não aparecerem nessa quarta-feira nas ruas, Milei poderá comemorar um racha nos movimentos sindicais e sociais.

A manutenção da ideia da CGT de convocar uma greve geral para os próximos dias vai depender do tamanho da marcha até a Corte Suprema e da persistência da vigília que ali irá se formar.

Se a segunda manifestação também tiver pouca participação, o fascismo seguirá em frente e os trabalhadores argentinos terão de se rearticular, como já fizeram tantas vezes em outros tempos.

Numa prova de que parece não temer os políticos e as ruas, Milei anunciou na terça que, se o Congresso rejeitar seu pacote, ele irá convocar um plebiscito.

O fascista está certo de que uma consulta plebiscitária pode substituir o parlamento. É mais um desafio de quem não teme ser contido pelo Congresso, pelo povo e pelo Judiciário.

One thought on “CGT entra na guerra contra Milei. Mas sem os piqueteiros?

  1. Agora tem de ver se o sistema judiciário deles não está forrado de juízes macristas, o q pode facilitar as coisas pro fascista. Se sim, poderemos até testemunhar o retorno do protagonismo militar na Argentina. Neste mundo endoidecido, td pode acontecer.

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