Che e Pachecão

Uma das minhas grandes surpresas de repórter, há muitos anos, foi encontrar em Teresópolis um rapaz vestindo camiseta de Che Guevara e descobrir que ele era assumidamente de direita.
O moço fez volteios para me explicar o que parecia impossível. Acabou dizendo que admirava a retidão moral de Che. Às vezes, vejo o rapaz e me lembro bem da palavra: retidão.
Ele lamentava que a direita não tivesse a mitologia que a esquerda esbanjava. Não havia um Che na direita, um Fidel, uma Rosa Luxemburgo, um Trotski ou um Lênin que fosse. Era seu grande ciúme. A direita não tem mesmo onde se agarrar e por isso se dependura de vez em quando em um Bolsonaro.
Pois eu publico esta foto pensando na retidão de que falava o moço aquele. Paulo Pacheco, o Pachecão, o navegador que mais conhece o Guaíba, o homem e a lenda de Belém Novo, com uma das suas camisetas de Che Guevara, no Bar Carmelita (no Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre).
Se alguém procura retidão, no aniversário da morte de Che, aí está. Nos dois. Não é por acaso que Pachecão tem Che no nome. Mas por acaso, nas horas vagas, esta lenda é o meu sogro.

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