Mick Jagger e nós

Sou um crédulo. continuar impune, nos comparar daqui a pouco ao Donald Trump. Quando disseram que a revista Exame apareceu nas bancas com uma capa com o Mick Jagger e uma chamada estranha (O que você e ele têm em comum), eu acreditei que fosse verdade. Porque o jornalismo anda mesmo muito esdrúxulo e aquela poderia ser a sacada do ano.
Mas aí me disseram depois que a capa era uma falsificação, que ninguém podia imaginar que uma revista séria fosse dizer que você e o Mick Jagger chegariam à velhice com a mesma energia, os mesmos sonhos, os mesmos desafios, as mesmas alegrias, os mesmos planos de saúde e talvez os mesmos ganhos. Por que nos comparar ao Mick Jagger?
Pelo tesão de continuar tralhando, fazendo arte, andando pelo mundo, vendo jogos de futebol na Ucrânia? E porque ele é um velho inteiro e faceiro etc etc.
Pensei mais e constatei que de fato havia sido ingênuo. Que há teses esdrúxulas sobre como viver mais e trabalhar mais (num país em que as empresas caçam nas ruas pessoas com mais de 50 anos, porque adoram idosos) mas que, claro, aquela era uma capa fake.
E assim fui dormir no sábado. Não quis entrar no site da revista para saber se a capa é verdadeira ou falsa. Seria perda de tempo. Me convenci de que a capa é falsa e pronto.
Vou acordar no domingo certo de que o jornalismo ainda é coisa séria e que ninguém, em lugar algum, poderia dizer que Mick Jagger e eu somos pessoas com muitas coisas em comum, inclusive o SUS, simplesmente porque estamos a caminho da velhice alegre.
Nenhum imbecil seria capaz de comparar nossa boa vida de idoso no Brasil à vidinha de demandas não atendidas do Mick Jagger.
A revista Exame saberá encontrar quem fez esta capa falsa e que pode, se continuar impune, nos comparar daqui a pouco ao Donald Trump.

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