Jornalões escondem os generais golpistas

Os jornalões se negam a dar de manchete o relatório da CI do Golpe, que está sendo lido pela senadora Eliziane Gama, com pedidos de indiciamento de Bolsonaro e seus generais.

Esta é a manchete fria do Estadão:
Thomas Friedman: Uma invasão a Gaza e a mentalidade ‘de uma vez por todas’ são equívocos para Israel

Esta é a manchete da Folha:
Filha de brasileira que estava entre sequestrados pelo Hamas foi morta, diz tia

E aqui a manchete do Globo:
CPI do 8 de Janeiro: relatório pede indiciamento de Bolsonaro, Cid, Silvinei, Zambelli e Torres

É a mais cínica, porque dá o relatório de manchete, mas esconde que os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e mais cinco generais e um almirante estão formalmente citados como golpistas, com pedidos de indiciamento.

O Globo usa o truque de se referir aos generais apenas numa frase complementar abaixo da manchete (que no jornalismo chamam de linha de apoio ou linha fina), com tipo de letra bem menor.

Essa é a linha fina: “Parecer da senadora Eliziane Gama propõe indiciar generais e ex-comandantes das Forças Armadas”.

Por que os generais não estão na manchete? Silvinei Vasques seria mais importante do que Braga Netto e Augusto Heleno?

São 31 os militares indiciados. E o Globo conseguiu dar na manchete os nomes de subalternos que alguns tentam vender como líderes do golpe.

Aqui estão os generais indiciados, listados em reportagem de Felipe Pereira, Gabriela Vinhal e Anna Satie no UOL:

General Marco Antônio Freire Gomes: estava à frente do Exército e permitiu que manifestantes acampassem na frente de quartéis segurando faixas sobre intervenção militar.

General Augusto Heleno: chefe do GSI no governo Bolsonaro. Ele prestou depoimento e xingou a relatora da CPI.

General Walter Braga Netto: candidato a vice na chapa de Bolsonaro. O militar deu declarações dando esperança para apoiadores do ex-presidente de que Lula não tomaria posse.

General Luiz Eduardo Ramos: ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante a gestão Bolsonaro. Ele era um dos militares mais próximos e leais ao ex-presidente.

General Paulo Sérgio Nogueira: ministro da Defesa que teria se reunido com um hacker para tratar da invasão falsa das urnas eletrônicas. Ele também não colocou freio em manifestações golpistas dentro das Forças Armadas.

General Carlos José Russo Assumpção Penteado: membro do GSI; sua atuação teria permitido que os manifestantes golpistas entrassem no Palácio do Planalto.

General Ridauto Fernandes: alvo de operação da Polícia Federal por invadir às sedes dos três Poderes e ajudar que outras pessoas fizessem o mesmo,

General Carlos Feitosa: integrante do GSI que teria falhado em prever as invasões. Ele escolheu categoria laranja de segurança para 8 de janeiro, o que limita o emprego de agentes.

E mais um almirante:
O almirante Almir Garnier Santos deve ser responsabilizado pelos tipos penais descritos nos arts. 288 do Código Penal, como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, “por condutas dolosas, por aderir subjetivamente às condutas criminosas de Jair Messias Bolsonaro e demais indivíduos em seu entorno”.

No final da manhã, o Globo reformulou a manchete, e a emenda ficou pior do que o soneto. Ficou assim:

CPI aponta minuta do golpe, acampamentos e lives como provas contra Bolsonaro e demais alvos.
Relatório final pede indiciamento de ex-presidente, Mauro Cid, Silvinei, Zambelli e Anderson Torres.

Os generais sumiram até da linha fina, onde foram parar Mauro Cid e demais parceiros.

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