MOURÃO NÃO MANDAVA E NÃO APITAVA NA AMAZÔNIA

Se almas de fato existem, imaginem o olhar de espanto das almas dos ditadores pós-64 vendo a entrevista do vice-presidente da República Hamilton Mourão à Globo News nesta quarta-feira.

Um general admitiu não ter poder, não ter autoridade para mandar, não ter gente, não ter verbas, não ter liderança forte. E talvez não tivesse nem mesmo, como admitiu, condições de exercer o cargo que ocupava.

E o cargo era o de presidente do Conselho Nacional da Amazônia, um órgão que todos achavam que seriam poderoso, mas que, pelo que explicou na entrevista, não tinha muito o que fazer.

Os jornalistas tentaram saber o que Mourão fazia e no que falhou. Ele não soube dizer o que fazia (além de integrar e agregar forças e ouvir sugestões) e não soube informar mais nada.

Mourão não soube dizer com clareza o que significam, de forma substantiva, a presença ou a ausência do Estado na Amazônia para afastar a bandidagem que atua em várias frentes. Só se queixou da falta de recursos para cuidar de uma área tão vasta.

Numa situação de normalidade, Mourão deveria estar sendo cobrado pelo que não fez como alguém que deveria pelo menos impor a presença de um general na região mais problemática do país.

A Amazônia foi um encosto para Mourão, empurrado por Bolsonaro para a presidência do tal conselho, para que não ficasse incomodando a família no poder.

Mourão admitiu que alguém deveria ter exercido uma liderança agregadora na Amazônia, dando a entender que essa pessoa não seria ele.

Foi quando um jornalista perguntou por que ele fracassara, e o general respondeu que o conselho que ele comandava não era executivo e que ele não tinha o poder de dar ordens.

Resumindo, Mourão foi ao programa Estúdio i para dizer que era um general que não apitava nem mandava em ninguém e que não sabe quase nada do que se passa hoje na Amazônia, onde bandidos perseguiram, torturaram, esquartejaram e queimaram Bruno Pereira e Dom Phillips, porque o governo bolsonarista entregou a região à bandidagem.

Talvez seja melhor assim. Bruno tentou ser, sozinho, o representante do Estado no Vale do Javari e acabou sendo assassinado.

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