BOLSONARO GAY NA AVENIDA NÃO PODE. E MILICIANO PODE?

Todos os jornais noticiaram que o cabeleireiro Neandro Ferreira (foto) iria desfilar no sábado em São Paulo na escola da Gaviões da Fiel, na ala chamada Governantes e Generais, como (na definição de Ferreira) um “Bolsonaro bem gay, bichíssima”.

Esse Bolsonaro bicha finalmente incontida seria parte do enredo “Basta!”, criado pelo carnavalesco Paulo Barros. A notícia saiu na coluna F5, de Tony Goes, na Folha, e depois foi compartilhada por quase todos os jornais.

O Carnaval de São Paulo teria um Bolsonaro gay, num deboche ao sujeito homofóbico que, segundo Jean Wyllys, pode ser um homossexual enrustido.

Ferreira não deveria ter anunciado o que seria uma surpresa. Foi boca grande, e aí aconteceu o que estava previsto.

A escola de samba largou uma nota, atribuiu a notícia a mais uma fake news e deixou mal Goes e o jornalismo da Folha. Para a Gaviões, as declarações de Ferreira eram “equivocadas”.

A Gaviões informou que o personagem do cabeleireiro será “um governante fascista qualquer”. Não é o Bolsonaro. Entenderam?

Pode ser o presidente de uma republiqueta sem fama, que também seja fascista e homófobo, mas não é Bolsonaro.

Imaginem se uma escola de samba iria representar Bolsonaro, o nosso hétero maior, como gay na avenida.

Tony Goes esclareceu que também ele é gay e escreveu nesta terça-feira a respeito da confusão, depois de ser desmentido:

“Muita gente acredita que o presidente seja um gay enrustido, graças a expressões como “abraço hétero”, “amor à primeira vista” (declarado quando conheceu o atual PGR, Augusto Aras) e “você tem uma cara de homossexual terrível”, dirigida a um repórter que lhe fez uma pergunta incômoda”.

E continua o jornalista:

“Mas tudo isso é mera especulação. O que se pode afirmar com certeza sobre Bolsonaro é que seu sentido de masculinidade é extraordinariamente frágil. Caso contrário, ele não precisaria revelar ao mundo que deu “um bom dia mais que especial” à primeira-dama, ou fazer arminha com as mãos, um óbvio símbolo fálico”.

Pois é. Mas hoje não dá para representar esse Bolsonaro inseguro e talvez um gay enrustido. Até porque ativistas LGBTI+ não gostaram da ideia. Goes admite que errou.

A Gaviões é ligada ao Corinthians, Bolsonaro é torcedor do Palmeiras, o Carnaval está exposto aos interesses econômicos dos poderosos e poderia haver represália.

Mas há uma esperança. Daqui a alguns anos, quando o fascismo estiver totalmente derrotado, a arte das escolas terá de retratar esse período, como já fez com outras épocas e figuras grotescas.

E aí poderemos ter não um Bolsonaro gay, mas vários Bolsonaros milicianos inseguros, com toda a família que já foi apontada em várias abordagens como um grupo de homens pretensamente valentes e sexualmente reprimidos e problemáticos.

3 thoughts on “BOLSONARO GAY NA AVENIDA NÃO PODE. E MILICIANO PODE?

  1. Muito provavelmente este desfile não vai sair, alguém vai entrar com alguma ação impedindo e alegando qualquer coisa, e obviamente algum juiz, muito isento, irá acatar a ação e ordenar a não execução do desfile da Gaviões. mas claro que nada disto estará relacionado ao Bolsonaro, nem ao Aras e nem algum ministro amigo ou evangélico. Será alguém do “povo”, uma pessoa humilde que se sentoiu ofendida. Como já diz o ditado, em boca fechadanão entra mosquito…

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