O LOBO-GUARÁ DA ESTRADA DO MAR
Daqui a alguns anos falaremos com certo assombro (mas só pra fazer cena) do sujeito chamado Bolsonaro que governou o Brasil e andava pelo país com uma caixa de cloroquina.
Ninguém mais saberá dizer o que possa ser cloroquina. Mas muitos indagarão às próprias consciências: mas como foi possível conviver com um cara que saía a infectar quem estivesse por perto?
Pois é possível e, pelo que parece, será possível por mais algum tempo.
Me lembro que uns 20 anos atrás o Zambezi Crocodilo Zoo, em Osório, na Estrada do Mar, antes de Capão da Canoa, não tinha apenas crocodilos do Nilo como atração. O que já era um absurdo.
Tinha um lobo-guará enlouquecido, preso num pequeno cercado, mais magro do que esse da foto. É uma cena que nunca esqueci e que me vem agora com a história da nova cédula de R$ 200 que Bolsonaro vai lançar para comemorar a pandemia, com a imagem do lobo.
Entramos, eu a família toda, para ver os crocodilos, mas quem nos recebeu, logo na entrada, como surpresa, foi o lobo-guará enjaulado.
A lembrança daquele lobo preso, solitário, troteando sem parar de um lado para o outro na beira da cerca, aciona agora a pergunta que será feita sobre a Era Bolsonaro daqui a alguns anos: mas como era possível?
Como alguém mantinha um bicho em extinção dentro de um pequeno cercado, como atração para quem estava a caminho da praia para veranear?
Parecia que o bicho estava ali havia poucos dias, pela não-submissão e pela ilusão de que encontraria uma saída. Tinha as ancas arreadas e transmitia desespero.
Como era possível ver aquilo e calar, como eu me calei e todos nós nos calamos? Me lembro das reações dos que protestavam contra a presença dos crocodilos, como ameaça ambiental.
Mas nada me recordo do que possa ter sido alguma queixa sobre a prisão do bicho em extinção. O zoo foi fechado, não sei quando. Onde foi parar aquele lobo-guará?
E qual é a relação do lobo com o Brasil de Bolsonaro? É essa mesma. Convivemos hoje com situações que parecerão intoleráveis daqui a alguns anos.
Inclusive essa nota de R$ 200 sem sentido algum e com a imagem de um bicho cuja sobrevivência ou não é irrelevante para o bolsonarismo.
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VAI OU NÃO VAI?
Tudo que vem de Bolsonaro é colocado sob suspeita. Essa agora do mofo no pulmão tem cara de desculpa.
Com mofo no pulmão, ele até pode ir a Bagé, mas talvez diga que não pode ir às manifestações fascistas domingueiras de Brasília.
Bolsonaro nunca mais vai aparecer nos atos pró-ditadura, dos quais participou muitas vezes na companhia de um dos seus generais?
Bolsonaro largou de mão o bolsonarismo?
Mofo no pulmão?!!! Alguém que tem idéias da Idade média tem o cérebro mofado!
Bah, o sr lembrou disso, eu cresci em Capão da canoa e passava sempre perto do Zambezi com meu pai mas nunca entrei. Mas lembrei de outra coisa: Teve uma enchente lá e vários crocodilos escaparam, se espalhando pela região. Nunca mais achei essa notícia, mas aconteceu. O sr sabe algo a respeito? Abraço e o teu blog é muito bom.