Bolívia golpe

O MODELO DO GOLPE BOLIVIANO

Há quase um ano, conversei por telefone com um coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo. Havia deixado um cargo na Associação dos Oficiais da PM. Estava cansado, exausto de bolsonarismos dentro da entidade.

Era crítico das pregações da extrema direita entre os colegas da ativa e da reserva. Esse coronel se deu conta de que não conseguiria enfrentar os oficiais bolsonaristas e caiu fora.

O homem conversou, falou bastante, me prometeu uma entrevista por escrito (porque aquela conversa era apenas uma conversa), eu mandei as perguntas e ele desapareceu. Cobrei, perguntei se havia desistido, mas o silêncio prevaleceu.

A tese dele era a de que seria improvável uma convivência de militares das Forças Armadas e das polícias militares, numa tentativa de Bolsonaro de fortalecer as PMs para que fizessem sombra ao Exército.

Bolsonaro queria generais nas PMs e sonhava ou ainda sonha com uma aproximação orgânica desses com o Exército, como se fossem um arremedo de uma coisa só, mas a ideia foi bombardeada pelos chefes do alto comando. Generais, só no Exército, é o que ficou claro.

Esse coronel dizia que questões de hierarquia não permitiriam essa convivência que a família Bolsonaro idealiza na criação de uma estrutura maluca que levasse a um golpe.

Agora, há um alvoroço com a tentativa dos Bolsonaros de incentivar motins, a partir da comoção causada pela morte do soldado que entrou em surto na Bahia.

Tentam fazer o que aconteceu na Bolívia, onde policiais amotinados liderados pelos civis golpistas empurraram os generais acovardados para o golpe de novembro de 2019. Criaram um clima de caos, tensionaram o país e meteram os generais cagões numa enrascada.

Podem tentar aqui. Põem fogo e convocam as Forças Armadas para pagar o incêndio que eles mesmos provocaram.

E aí começo a entender o silêncio de gente com as ideias desse coronel que sumiu. Não digo seu nome, em respeito ao direito dele de ficar quieto e por não saber os motivos que o levaram a se recolher.

Mas não duvidem da tentativa de viabilização de um motim nacional, mesmo que aqui não seja a Bolívia.

Sempre lembrando que os amotinados e os golpistas civis e militares que derrubaram Evo Morales estão sendo presos por ordem da Justiça. Muitos estão foragidos, possivelmente no Brasil.

2 thoughts on “O MODELO DO GOLPE BOLIVIANO

  1. Como previsto pelo blogueiro, o autogolpe deveria ter sido dado lá no início, bozo não PODERIA ter dado tempo ao tempo e insistido no blefe. Hoje, imagino que os comandantes militares seguidores da constituição já devam ter seus subordinados totalmente sob controle, o que inviabiliza a implantação de um regime autoritário usando as forças armadas. Resta saber se os governadores conseguem manter suas forças policiais sob controle.

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