O momento zureta da jornalista que não é bolsonarista porque a Globo não deixa

Se fosse branco, famoso e de direita, o jornalista Luan Araújo talvez tivesse melhor tratamento da sua colega de profissão Ruth de Aquino, do Globo.

A jornalista tratou em sua coluna na quinta-feira da denúncia de que Carla Zambelli tentou usar o hacker Walter Delgatti numa trama golpista antes da eleição.

Delgatti deveria invadir as urnas eletrônicas, o email e as contas eletrônicas do ministro Alexandre de Moraes, por encomenda da deputada.

Ruth relembra então que a bolsonarista envolveu-se num caso policial, também às vésperas da eleição.

Ruth escreveu:

“Além de sair gritando nas redes “te amo, Bolsonaro”, a deputada protagonizou uma lambança difícil de esquecer, na véspera da eleição presidencial. De camisa verde com bandeira do Brasil no peito, ela adentrou um boteco no bairro paulista dos Jardins, com arma em punho. “Eles usaram um homem negro pra vir pra cima de mim, fui agredida”, alegou, com a respiração entrecortada, mostrando um arranhãozinho no joelho”.

E Ruth continua:

“Na verdade, ela e seus seguranças tinham discutido asperamente com o homem sobre quem venceria a eleição, na saída de um restaurante. O homem, com boné do MST, ofendeu os bolsonaristas com palavras chulas. Mas não estava armado. Zambelli tropeçou em si mesma e caiu na calçada. Disse que tinha sido empurrada, mas o vídeo provou ser mentira. Patético”.

E segue o texto da jornalista:

“Daí, a deputada caminhou triunfante como numa série de espionagem com a pistola 9mm apontada, e mandou o sujeito forte deitar no chão do bar. Na entrada, o cartaz anunciava feijoada média a R$ 50. A pequena era R$ 28. Clientes bebiam cerveja, à tarde. O indivíduo gritava por socorro, foi ao chão e reclamou que sua roupa estava sendo estragada. Um dos escudeiros da deputada tinha disparado um tiro e mancava, depois de tentar dar um chute no lulista. A algazarra, que mais parecia videocassetada, viralizou”.

É o texto de uma das principais colunistas do Globo. Se fosse de um estudante em busca de estágio, seria rejeitado.

Ruth de Aquino define o ato criminoso de Carla Zambelli como “uma lambança difícil de esquecer”.

Refere-se ao perseguido como o “homem, com boné do MST”. Mais adiante, diz que a vítima é um “sujeito forte”. E finalmente o cita como o “indivíduo” que, sob a ameaça da arma de Zambelli, gritava por socorro.

Encerra o texto escrevendo que “a algazarra” mais parecia uma videocassetada, tanto que viralizou.

Lambança, algazarra, videocassetada. É como uma jornalista define uma perseguição que caracteriza tentativa de homicídio e como tal é tratada na acusação que virou inquérito policial.

O homem que ela trata como indivíduo e o cara do boné, o sujeito forte e lulista, não tem nome no artigo. Não tem nome nem profissão.

A única informação que o definiria, e é dada por Zambelli, e não pela jornalista, esclarece que ele é negro. Um homem negro.

Mas o indivíduo com boné do MST é mais do que um sujeito forte e um lulista.

O homem negro tem nome, é Luan Araújo, tem profissão, é jornalista, e tem uma história de luta contra o fascismo. O próprio Globo, onde Ruth trabalha, já falou dele.
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No artigo da colega Ruth de Aquino, o jornalista Luan Araújo é reduzido a um homem sem nome que se envolve numa lambança.

O título do artigo de Ruth de Aquino é “A zureta de Zambelli”.

O dicionário informa: “Zureta. Diz-se de quem é meio doido; que perdeu o juízo; amalucado”.

Uma jornalista não poderia reduzir um gesto fascista a uma maluquice e muito menos definir um fascista violento como amalucado.

Ruth de Aquino, uma das vozes da direita que não tiveram como ser bolsonarista (porque a Globo era inimiga do genocida), produziu a sua coluna zureta, sem surpreender quem a conhece.

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