O MONSTRO

Trecho espetacular de um artigo do antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares sobre o absurdo de um debate em que um dos debatedores é Bolsonaro:

“Imaginem um genocida sentado ao lado de pessoas razoáveis que o entrevistam, ou de pé ao lado de outros candidatos, respondendo a perguntas comuns, seguindo regras comuns, inscrevendo-se na série que dá sentido aos personagens e que os iguala antes de diferenciá-los. Nesse jogo, a monstruosidade desaparece. Todos se tornam veículos de propostas para o Brasil e vocalizam ideias aparentemente tão legítimas quanto as demais. O monstro fala português, usa a voz como os demais seres humanos, move-se de um modo parecido com quem está ao lado. Pronto, a excepcionalidade está anulada, os crimes reduzem-se a opiniões -cada um tem a sua-, os insultos e as bravatas são idiossincrasias de um homem como os outros, as aberrações são absorvidas e absolvidas, transformam-se em virtudes de um homem comum espontâneo ou meras grosserias de um capitão rude.

As mentiras mais despudoradas não passam de pontos de vista ou “verdades alternativas”. A máquina da política institucional engatada na mídia corporativa liquidou a diferença matricial sem cujo reconhecimento não pode haver debate, o qual, por sua vez, só poderia acontecer entre atores publicamente comprometidos com a aniquilação do fascismo. Fascismo que é, afinal de contas, o avesso do debate e da política”.

A íntegra está no link abaixo:

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/nao-houve-debate-algum-por-luiz-eduardo-soares/

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