O pai de Alok, os jornalistas e as crianças palestinas

Pai de Alok diz que o pior já passou. Pai de Alok mostra vídeo da festa antes do ataque do Hamas. Pai de Alok retorna ao Brasil e diz que está aliviado.

Sabemos tudo de Juarez Petrillo, o pai do DJ Alok, e não sabemos quase nada das crianças palestinas e brasileiras cercadas por Israel no norte de Gaza.

Ninguém aguenta mais ler notícias sobre o pai do Alok, que não acrescentam mais nada, quase nada significam no contexto do que acontece na região. Mas a imprensa quer notícias de celebridades, e o pai do Alok estava na festa invadida pelo Hamas.

Os jornalistas que poderiam estar informando sobre fatos relevantes da situação em Gaza e no entorno do conflito, e não sobre o pai de Alok, estão sendo mortos pelas bombas de Israel.

Nessa sexta-feira, pela primeira vez os jornais brasileiros deram na capa a notícia da morte de um jornalista, Issam Abdallah (foto), da agência Reuters.

Abdallah morreu na fronteira entre o Líbano e Israel. Foi atingido por um foguete israelense.

Antes, haviam morrido oito jornalistas em Gaza. Que se chamavam Said al Taweel, Mohammed Sobboh, Hisham Nawajhah, Asad Shamlakh, Ibrahim Mohammad Lafi, Mohammad Jarghoun, Mohammad El-Salhi e Salam Khalil.

Outros 12 jornalistas foram feridos e dois estão desaparecidos. Mas nenhum deles mereceu antes a capa dos jornais. Porque todos trabalhavam ou trabalham para veículos sem expressão no mundo da mídia corporativa mundial.

A morte de Issam Abdallah mereceu chamada nas capas porque ele produzia imagens para a Reuters. Seus colegas mortos antes, todos com nomes e sobrenomes árabes, não tiveram o mesmo destaque.

A postura dos senhores da guerra é sempre a mesma em relação aos jornalistas. Ele tratam com certo desprezo as mortes de quem está do ‘outro lado’.

Assim, as versões dos jornalistas pró-Ocidente prevalecem sempre. Sempre foi assim e está sendo assim nessa guerra.

Imagens da guerra, a partir de Gaza, são geradas invariavelmente por pessoas comuns. São elas que falam, em transmissões pelo celular, para TVs e jornais do mundo todo, de onde ainda conseguem falar.

O relato jornalístico de Gaza nos é oferecido pelos que aguardam a invasão israelense sem comida, água e luz. Os moradores de Gaza são vítimas e jornalistas dos próprios dramas.

Do ponto de vista ocidental, tudo é mais fácil. Por isso ficamos sabendo a todo momento que o pai de Alok chorou ao ver o filho e que tem pesadelos. Sabemos tudo do pai de Alok, quase em tempo real. Mas o pai de Alok não está em Gaza.

Os jornalistas que trabalham para os grandes veículos ocidentais, que acompanham a guerra pelo olhar do poder político e econômico mundial, principalmente à distância, sabem tudo do pai de Alok e não sabem nada das crianças palestinas.

Os que trabalham lá, dentro do inferno, mesmo que estejam a serviço da grande mídia hegemônica, esses estão condenados a serem sufocados e a morrer em Gaza.

One thought on “O pai de Alok, os jornalistas e as crianças palestinas

  1. Lendo agora no dcm, que israel bloqueou as vias para
    Evacuaçao de estrangriros, como ficarao seus bravos
    Defensores aqui no brasil. Culparao o lula eo pt.
    Onde está o prefeitao de sorocaba agora, vai sobrar para o
    Lula de novo.

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