O TEMA QUE O JORNALISMO AJUDOU A ESCONDER. POR MEDO DE BOLSONARO?

É compreensível que muita gente ainda esteja inquieta com a interrogação mais insistente deixada pelo debate de domingo. Por que a história das meninas venezuelanas não apareceu na TV Bandeirantes?

Por que, mesmo com Bolsonaro se defendendo antes de ser atacado, nem Lula nem os três jornalistas que fizeram perguntas abordaram o assunto?

Admite-se que Lula tenha preferido não desafiar uma determinação do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, no sentido de não se referir ao caso como sendo pedofilia.

Mas não poderia abordar o assunto sem referência a um possível crime de caráter sexual?

Não poderia ter dito, quando Bolsonaro saiu se defendendo, que esse é um caso grave a ser examinado pelo Ministério Público e pela Justiça?

Lula parece ter sido cuidadoso demais, para não parecer que estaria explorando um tema delicado.

E os jornalistas, por que nada perguntaram? Que trava impediu que o principal assunto da campanha no segundo turno não tenha aparecido num debate decisivo para a compreensão de fatos envolvendo os candidatos? Os jornalistas temem Bolsonaro?

Bolsonaro saiu feliz da vida. Um caso grave, que abalou a estrutura da campanha do sujeito e provocou recurso (aceito) no TSE e que repercutiu sábado e domingo nas redes sociais e nos jornais não frequentou o debate.

Vamos imaginar uma situação inversa, com Lula sob pressão diante de uma denúncia grave. O que Bolsonaro faria? Nem precisa imaginar.