OS TUCANOS SÃO ENGRAÇADOS

Sou muito estabanado. Tive que interromper a leitura da entrevista do governador do Rio Grande do Sul à Folha de S. Paulo, quando ele disse que o PSDB precisa manter sua vocação para a social-democracia, porque, segundo ele, “é o programa, do ponto de vista ideológico, que me representa”.

Derramei um copo de cerveja. Os tucanos pregam cada susto na gente quando voam sem direção. Quer dizer que o PSDB ‘ainda’ tem lastro ideológico social-democrata?

O PSDB agora comandado pelo Doria Júnior deixou de ser social-democrata desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso. O PSDB só teve apelo social-democrata, como ideia, na pregação escrita para as eleições de 1989.

Eu perdi meu tempo lendo os dois programas do PSDB para o primeiro e segundo governos de FH. O primeiro programa era meio social-democrata e meio liberal.

O segundo, quando o liberalismo já era uma prática de governo, era qualquer coisa, ainda democrata, mas quase nada social. O neoliberalismo já estava entranhado no PSDB. Paulo Renato Souza escreveu os dois programas.

Bresser Pereira refletiu muito sobre isso, sobre a índole do PSDB, que deveria ser um partido do socialismo liberal e não do liberalismo social. Bresser sabe, e já escreveu a respeito dezenas de vezes, que o PSDB virou um partido de direita.

O governador Eduardo Leite pode ser social-democrata, vamos ter que ver, mas o seu partido nunca foi social-democrata.

Admito que não li o último programa do Alckmin para o governo. Pode ser que a alma do partido ainda esteja ali, no galho de uma goiabeira social-democrata, e eu não saiba.

Muita gente acha que o PSDB é hoje um puxado encabulado do bolsonarismo.

Ri tanto lendo a entrevista que o governador me fez desperdiçar um copo de cerveja. Mas o humor, mesmo o dito social-democrata, pode nos salvar.

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