POBRES POMBAS

Uma frustração. Prometi que iria escrever hoje aqui sobre um lugar à beira do Guaíba que não permite música nos carros e em caixas de som.

Já estive lá duas vezes. Passei o dia, só para ouvir o barulho da água, dos bichos e das crianças.

É o camping da Praia das Pombas, uma área privada ao lado da reserva de Itapuã. Pois meu suspense fracassou.

Telefonei agora há pouco para confirmar se mantinham a placa já na entrada, anunciando que é proibido som de música no local, e uma moça me disse que agora está liberado.

Pode ouvir música, desde que o som seja baixo, me disse ela.
Não acreditei. Não interessa se é alto ou baixo. O som em áreas de lazer em que prevalecem a natureza e o silêncio (ou deveriam prevalecer), em praias, matos, dunas, banhados, não poderia ser compartilhado.

E ninguém sai de casa para ouvir som baixinho. As pessoas vão para as ruas, as praias e os matos para atormentar os outros. Poderiam ficar em casa ouvindo música ruim. Mas saem para que os outros ouçam o que elas querem ouvir.

Ninguém sai de casa para curtir a música, mas para que os outros sejam torturados, ou não sairia de casa. Ficaria atormentando os vizinhos.

O sujeito que vai para a beira do Guaíba para que todos ouçam sua ‘música’ é um torturador.

Sinto muito. Eu não vou mais ao camping da Praia das Pombas. Não há mesmo para onde fugir.

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