RODA VIVA E ASSÉDIOS

Vi esses dias o programa Roda Viva com Emanoel Araújo, artista múltiplo, diretor do Museu Afro Brasil, figura forte, respeitada pela qualidade de seu trabalho e pela voz potente de afirmação do negro.
Pois agora apareceram dois rapazes acusando Emanoel de assédio sexual. Está nos jornais. Ele tenta se defender, diz que são ressentimentos de antigos desafetos, mas o massacre está feito.
Quem tem alguém à espera de acerto de contas e de vingança cruel que se prepare, porque as denúncias de assédio estão para o nosso mundo ‘normal’ como os atropelamentos estão para o mundo anormal dos terroristas.
Tocam por cima e seja o que o diabo quiser. É possível até que alguém sobreviva, mas nada mais será como antes.
(Sim, eu sei que as mulheres finalmente decidiram denunciar assediadores poderosos e isso é muito bom, porque a grande maioria dos casos envolve de fato uma agressão. Mas quem vai estabelecer algum limite para a divulgação de tais fatos, até a comprovação ou não das denúncias, sem que um moralismo fajuto conduza as atitudes e o debate? Onde estariam os limites entre a justa tentativa de reparação e de alerta, de um lado, e de vingança, de outro?)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


8 + 9 =