Ziraldo e o papel de pão na sessão de autógrafos

Lembranças de Ziraldo na Jornada de Literatura de Passo Fundo, em 2001. A Jornada acontecia num grande circo com vários circos menores ao redor, que também chamavam de tendas.

O circo de lona central está lotado para mais um debate. Ziraldo senta-se na primeira fila, onde eu já estava porque havia chegado cedo para pegar um bom lugar. Ficamos próximos, todos faceiros por estarmos perto do palco.

Chega uma moça da organização e diz:

– Reservamos essa primeira fileira para surdos e mudos.

O guri que havia dentro de Ziraldo faz o que certamente ele não faria nunca mais. Ziraldo começa a imitar uma pessoa que não ouve e não fala.

A moça ri, os que estão ao redor riem, e Ziraldo sai dali às gargalhadas.
À noite, ele é um dos palestrantes. Naquele ano, a Jornada teve Alcione Araújo, Martha Medeiros, Ruy Castro, Deonísio da Silva, Antônio Torres.

No fim da conversa, Ziraldo informou que haveria sessão de autógrafos, numa tenda de lona ao lado.

E fez um alerta em tom sério, mas como galhofa: não levem papel de pão, agendas e cadernos para que eu autografe, porque eu só vou autografar meus livros.

O circo todo gargalhou. E foram para as sessões de autógrafos. Ziraldo sentou-se ao lado de Martha Medeiros.

A fila de Martha saía para fora do circo e sumia no pátio. A fila dele era minguada.

Alguém lembrou do alerta que ele havia feito, e Ziraldo gritou:

– Está liberado, podem trazer o papel de pão.

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