AS MISÉRIAS DOS OUTROS

Há jornalistas impressionados com a pobreza na Venezuela. Talvez porque nunca tenham entrado, como eu entrei, nos anos de miséria extrema criada pelo segundo governo Fernando Henrique, na Pedreira da Cruzeiro, na Mário Quintana, no Ruben Berta, nos becos da Vila Jardim, na Ilha das Flores, na vila Nova Guaíba.
Entrava, sentava, conversava com mães, professores, velhos, moços, crianças. Fazia o que mais gostava: ouvir gente comum.
Que eles pelo menos tentem entrar agora (mas não na pressa e ao lado de uma viatura da polícia), para ver como vivem as maiores vítimas do golpe de agosto de 2016.
Saiam da bolha, não para descobrir as carências da Venezuela, mas para conhecer as misérias das nossas vizinhanças. Não precisamos exportar piedade para as misérias dos outros.

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