BOLSONARO BLEFA PARA ANUNCIAR OUTRO BLEFE
O povo de Bolsonaro que foi às ruas no fim de semana deu autorização para que o sujeito faça o que bem entender. Bolsonaro pode achar que a autorização é para que continue blefando.
Foi o que fez hoje de novo em evento promovido pelo Ministério das Comunicações, no Palácio do Planalto, com recados ao Supremo.
Isso foi o que ele disse, ameaçando mais uma vez com um decreto que impediria governadores e prefeitos de adotarem medidas restritivas, como fechamento do comércio e igrejas:
“Nas ruas, já se começa a pedir, por parte do governo, que ele baixe um decreto. E se eu baixar um decreto, vai ser cumprido. Não será contestado por nenhum tribunal, porque ele será cumprido. E o que constaria no corpo desse decreto? Constariam os incisos do artigo 5º da Constituição”.
“Quem poderá contestar o artigo 5º da Constituição? O que está em jogo e alguns ainda ousam, por decretos subalternos, nos oprimir? O que nós queremos do artigo 5º de mais importante? Queremos a liberdade de cultos, queremos a liberdade para poder trabalhar, queremos o nosso direito de ir e vir. Ninguém pode contestar isso”.
“Peço a Deus que não tenha que baixar esse decreto. Mas, se baixar, ele será cumprido, com todas as forças que todos os meus ministros têm. E não será contestado esse decreto, não ouse contestar, quem quer que seja. Sei que o Legislativo não contestará”.
“O Brasil não pode ser um país condenado ao fracasso porque alguém delegou competências esdrúxulas a governadores e prefeitos. Que poder é esse que foi dado a governadores e prefeitos? Isso é uma excrescência”.
É Bolsonaro apenas blefando? Alguma coisa ele pode estar preparando. Talvez um novo blefe.
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ELES TÊM MEDO?
Temos dois depoimentos na CPI do Genocídio, de duas figuras importantes, e ambos com um saldo meio desalentador: Mandetta e Teich frustraram os que esperavam mais para a incriminação de Bolsonaro.
É possível que Mandetta e Teich tenham medo dos Bolsonaros, dos militares e dos milicianos. É compreensível.
É um aspecto que merece atenção da CPI. Mandetta e Teich foram tutelados por alguém? Foram recomendados a não passar do limite? Que limite?
A sensação é de frustração. Os dois ex-ministros, que saíram do governo porque afrontaram as ordens de Bolsonaro, deixaram a sensação de que foram cuidadosos demais.
Como diria a consultora Keila Mellman: é de bom tom? Numa hora dessas, talvez seja. Eles sabem o que temer e de quem se cuidar.