A DECISÃO DE FERNANDO MORAIS

Mais um que pode se preparar para levar bordoadas. O que diz Fernando Morais sobre a decisão de não assinar um manifesto genérico pela democracia:

“Muita gente que respeito e admiro assinou o manifesto #SomosMuitos. E muita gente querida me pergunta por que me recusei a assiná-lo. Eu o fiz basicamente por duas razões: primeiro por considerá-lo, com todo o respeito a quem redigiu, acaciano e truísta.

Cheguei a dizer, ao amigo que me convidou, que parecia um documento contra o câncer, a favor da água encanada e da luz elétrica – quem não assinaria? Segundo porque, a esta altura da vida, não subscrevo nada ao lado, entre outras, de pessoas como (por ordem alfabética) o Cardeal Odilo Scherer, Elena Landau, Joel Pinheiro da Fonseca, Júlio Delgado, Kati Almeida Braga, Lobão, Luciano Huck, Luiz Felipe Pondé, Marcelo Tas, Miguel Reale Júnior, Reinaldo Azevedo, Roberto Duailibi, Roberto Freire e Washington Olivetto.

O Brasil que eu quero não é o que essa gente quer”.

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OS QUE FICAM DE FORA
Quem pode e quem não pode entrar nos manifestos, segundo a Coluna Painel, de Camila Mattoso, na Folha de S.Paulo.

“Os critérios para definir quem pode participar dos movimentos da sociedade civil criados em defesa da democracia estão gerando debates dentro dos grupos. Ainda que se disponham a congregar pessoas de múltiplos pontos do espectro ideológico, há diferenças que podem ser irreconciliáveis. No caso do ‘Juntos pela Democracia’, diz-se que a porta está quase totalmente aberta. “Entrarão todos, menos os fascistas. Moro, fora. É o limite”, diz o jornalista Juca Kfouri, um dos articuladores.

No “Basta”, que reúne juristas e advogados, Moro também não seria bem recebido. “Natural que exista constrangimento com a adesão de algumas pessoas. Estas mesmas figuras são responsáveis diretas por parte importante das mazelas do país”, diz o advogado Marco Aurélio Carvalho, um dos articuladores do manifesto.

“Não se pode esquecer que o bolsonarismo é filho legítimo da Lava Jato e do golpe de 2016”, completa. A presença da assinatura do ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da Lava Jato, quase fez com que o advogado Carlos de Almeida Castro, o Kakay, retirasse seu apoio, como mostrou a coluna de Mônica Bergamo.

O “Somos 70%”, inspirado em resultado de pesquisa do Datafolha, foi criado pelo economista Eduardo Moreira e disseminou-se de forma descentralizada nas redes sociais. Por esse caráter difuso, Moro teria mais facilidade em se juntar ao clube: bastaria publicar a hashtag do movimento em seu perfil.

“Essa é a diferença do Somos 70%. Não é um movimento com dono, não escolhe as pessoas. As pessoas que o escolhem”, diz Moreira. “Qualquer um que esteja contra o governo faz parte. É uma constatação. Não tem lista nem veto”, completa.

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É a imagem do nosso jornalismo. Tente encontrar um debatedor negro nas conversas sobre racismo na TV, em que até William Waack (sim, aquele) é mediador.

One thought on “A DECISÃO DE FERNANDO MORAIS

  1. Concordo 100% com Fernando Moraes. Eu também não assinaria um texto que Luciano Huck e outros assinaram, mesmo para tirar Bolsonaro. Isso mostra uma sociedade que não sabe exatamente “quem é” e o que quer. No mínimo já muito corrompida.

    Não se combate corrupção com corrupção, ou hipocrisia com hipocrisia.

    É certo que devemos usar as mesmas armas que o agressor usa, “contra ele” mesmo, mas não devemos nos “IDENTIFICAR” com ele ou com quem pensa como ele. Esse OPORTUNISMO é um alerta bem claro de julgamento corrompido.

    Existe uma diferença entre matar alguém gratuitamente e matar em legítima defesa, por exemplo.

    Ninguém vai achar que você é um psicopata porque defendeu sua vida ou de outrem. Só uma sociedade doente e hipócrita pensaria assim.

    Fazer Bolsonaro experimentar do próprio veneno, jogando o jogo dele CONTRA ELE, seria legítima defesa, o que não nos tornaria iguais a ele. Mas se ligar a gente da laia dele, SIM! Não tem moral quem se liga a gente sem moral.

    Chega de trocar o sujo pelo mal lavado, porque é isso o que eles querem. Sai um ruim e entra outro pior.

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