BANDEIRA COM ARCO-ÍRIS NÃO PODE, MAS ARMINHA PODE
Gonçalo Ramos marcou um gol para Portugal, no primeiro tempo do jogo contra a Suíça, e comemorou fazendo arminhas com os dedos, como os jogadores faziam há muito tempo e como faz a família Bolsonaro.
É um jovem de 21 anos. Imaginava-se que no intervalo da partida ele seria alertado por alguém da seleção ou da Fifa.
Não foi. Tanto que fez o segundo gol e repetiu a comemoração com tiros de arminhas com as duas mãos.
E fez o terceiro, de novo com arminhas. Para o mundo todo ver.
E ainda assoprou a fumaça nos canos. Uma cena terrível.
Aí pode? Bandeira com arco-íris não pode. Protesto contra racismo não pode. Mas arminha a Fifa deixa?
O gesto idiota da arminha do atacante matador não havia sido
abolido do futebol há muito tempo? E volta logo numa Copa.
Alguém vai aparecer dizendo que não é bem assim, que isso e aquilo, que a intenção é outra.
Mas arminha com os dedos é arminha em qualquer lugar, desde o tempo dos filmes de faroeste. E mais ainda quando o cara assopra a fumaça da ponta do ‘cano’.
Arma é arma. Não pode ser associada à alegria e á comemoração e muito menos ao futebol. Não pode.
(A foto acima não é do jogo de hoje, mas há imagens semelhantes de jogos anteriores, o que só mostra que o jogador tem o costume de fazer arminha com os dedos. E os dirigentes da seleção portuguesa? E os colegas? E a imprensa?)
Não sei como é la na Catar, mas quando foi no Brasil, ficou claro que dentro da área da Fifa, valem as regras da Fifa, inclusive a segurança. É como se fosse uma embaixada estrangeira encravada no entorno do estádio. Só para depois a Fifa não dizer que a questão de não poder usar bandeira de arco iris, protesto contra racismo, contra ditaduras e poder fazer arminha ou apologia a coisas ruins é uma questão do catar. Ou a Fifa pede coisas diferentes para países diferentes? Não devia estar no contrato que assinaram quando escolheram o catar, a famosa cartilha de intenções da Fifa?