Como o Estadão caiu na arapuca da nota sobre a deserção de um coronel?
O jornalismo cumpriria o básico, o elementar, a mais previsível das pautas se esclarecesse a confusa história em torno do que teria sido (e acabou não sendo) uma nota de militares de alta patente, fardados ou já de pijama, que incitava um coronel à insubordinação.
O Estadão precisa fazer essa pauta esclarecedora, em nome da preservação do seu jornalismo, para que conte como divulgou o que teria sido uma fake news.
O jornal precisa dizer como embarcou na tal nota, que publicou na segunda-feira pela manhã, em que os clubes militares estariam sugerindo que o coronel Jean Lawand Júnior fugisse e buscasse asilo nos Estados Unidos.
Lawand, o coronel das conversas vazadas com o colega Mauro Cid, é o golpista preocupado com os manés que estavam cagando havia 52 dias em banheiros químicos nas portas dos quartéis.
Lula determinou, sem surpresa, que o comando militar cancelasse a nomeação do coronel para um cargo na representação militar do Brasil em Washington.
A tal nota publicada no site do Estadão, que depois foi apontada como falsa, recomendava que o coronel buscasse asilo imediatamente, “pois o seu retorno ao Brasil colocará em risco a sua vida pelo regime vigente”.
Ainda pela manhã, a Comissão Interclubes das Forças Armadas divulgou uma nota sobre a nota informando que “a suposta nota a ela atribuída, datada de 17 de junho de 2023, é falsa” e que, por isso, “se eximem de qualquer responsabilidade sobre a mesma”.
A nota falsa tinha a assinatura dos presidentes do Clube Militar, do Clube Naval e do Clube da Aeronáutica, com os nomes dos presidentes, general Sérgio Tavares Carneiro, almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca major-brigadeiro Marco Antonio Perez.
O jornal corrigiu o erro, depois da nota com o desmentido, e deu essa explicação em seu site:
“O Estadão chegou a publicar o documento após recebê-lo na madrugada desta segunda-feira, 19, de um oficial da Aeronáutica, integrante do clube militar de sua Força. A reportagem foi publicada às 7h34 e retirada do ar às 8h42, depois de constatado o erro. E volta a ser publicada com a informação corrigida”.
O jornal chama a nota que seria falsa de “documento” e atribui o erro à informação de um oficial da Aeronáutica.
O erro é da rotina do jornalismo. Mas o certo seria esclarecer quem é o oficial informante que levou o jornal a uma falha grave.
Por que ele distribuiu a nota falsa, se integra o clube da Aeronáutica? Quem escreveu a nota em nome dos presidentes dos clubes?
O jornalismo tem o direito, assegurado em lei, de proteger e preservar a identificação de fontes anônimas, mas não as que depreciam o trabalho dos jornalistas e os induzem ao erro.
A investigação deve responder a outras perguntas também óbvias.
A primeira é essa: por que a nota com o desmentido não passa o sentimento de indignação com uma mentira que fere a imagem dos clubes militares e das próprias Forças Armadas?
E mais essa; por que a nota é burocrática e branda, se o assunto que fere os clubes com uma mentira é, na essência, uma proposta de deserção?
Outra pergunta. É possível que a nota tenha sido produzida e, depois da repercussão negativa, um dos signatários tenha saltado fora?
O Estadão pediu desculpas pelo erro, o que é previsível, mas isso não basta. O jornalismo terá de dar conta do imbróglio, porque o próprio Estadão foi vítima de uma armadilha.
Um grupo de extrema direita usou o jornal para colocar nas redes a nota com uma ideia que agrada a uma parcela expressiva da direita, e não só do fascismo.
A nota foi publicada de manhã cedo, produziu o efeito desejado, foi compartilhada pelos jornais e logo depois os clubes correram para alertar que era falsa. A afronta estava feita, mais uma vez.
Dizer, como disse o Estadão, que um oficial foi a fonte não basta. É preciso esclarecer como o jornal foi usado como guri de recados por extremistas. Ou o oficial informante não sabe nada?
Setores do pig, alguns senadores, vários deputados e
Muitos militares , estao se cagando de medo da cadeia.
Ficam todo os dias lançando
Noticias falsas na midia.
O medo os assombra.)
Não entendo a estranheza.
O que tem de errado?
É o estadinho publicando fake news. Modo jovem pan(o) e extrema-direita de ser.
O Estadão produziu mais um cocô com o qual o coronel Lawand pode se ocupar.