Dallagnol foi a primeira vítima de Sergio Moro

Deltan Dallagnol está apenas na porta do inferno. Sabe que não chegou nem à sala de espera.

Sabe que Sergio Moro foi quem o levou a cometer delitos graves em Curitiba e a perder o mandato de deputado.

Sem Sergio Moro e sem o lavajatismo, é provável que Dallagnol fosse apenas um procurador da República interessado e prestativo.

E talvez não tivesse cometido nenhum dos desmandos dos quais é acusado, entre esses o de registar uma candidatura para escapar de investigações.

Dallagnol tinha 34 anos em 2014, quando a força-tarefa da Lava-Jato foi criada para caçar Lula.

Encarregaram um calouro para cercar, acusar, ajudar a condenar, encarcerar e tirar da eleição o favorito para vencê-la.

Sem idade para ter uma história no MP, mas apto para o trabalho que a ele foi confiado, deveria ajudar a tirar do jogo da política a maior figura pública do país pós-ditadura.

Um procurador jovem e impetuoso dedica-se à caçada a Lula e, paralelamente, ao projeto de ficar rico fazendo palestras.

Vira herói de um filme, é aplaudido pela direita nas ruas e em palestras, planeja criar uma fundação com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.

E acaba envolvido em todo tipo de arbitrariedade que talvez não tivesse cometido se não estivesse sob a liderança incondicional de Sergio Moro.

Dallagnol é uma invenção de Sergio Moro, que o transforma em seu subalterno por pelo menos cinco anos, como mostram suas atitudes e as conversas da Vazajato.

O juiz mandava no procurador. MP e Judiciário se misturaram com promiscuidade, com o argumento de que sempre foi assim.

Dallagnol relacionava-se com Moro com obediência, reverência e idolatria. Na hierarquia que eles inventaram em Curitiba, o juiz era o chefe de todos.

Não são indícios de conluio, são provas de que passaram dos limites do que seria razoável numa relação entre quem investiga e acusa e quem vai depois julgar.

E assim Dallagnol se transformou na maior atrofia funcional do poder do MP, conquistado a partir da operação Banestado, que marca a estreia de Moro.

Esses dias, ao ser informado de que deveria depor na Polícia Federal (o depoimento foi adiado para segunda-feira), o ex-deputado disse que não sabia qual o era o caso sob investigação e por isso não podia antecipar o que diria aos policiais.

Era o mesmo sentimento dos investigados, encarcerados e submetidos a prisões preventivas intermináveis em Curitiba. Muitos não sabiam direito qual era a acusação.

O advogado Tacla Duran, o empreiteiro Emílio Odebrechet e agora o empresário Tony Garcia denunciaram os horrores da masmorra de Curitiba, onde tudo era possível.

A imprensa aplaudia os métodos de Dallagnol e Moro, em nome da caçada aos corruptos, porque a Guantánamo da Lava-Jato, assim definida por Garcia, dependia de Globo, Folha e Estadão para existir.

Dallagnol esteve a serviço dessa estrutura, com participação ativa dos americanos, sempre sob o comando de Moro.

O procurador foi escolhido por ser impulsivo e competitivo. Era o perfil adequado para a tutela de Moro. E o juiz explorou sua imaturidade para orientar as ações do MP.

Na tentativa de escapar do cerco que agora se inverte e se fecha em torno dele, Dallagnol não pode fugir da verdade. Ele tinha um chefe em Curitiba.

Deve seguir a linha de toda a investigação, que no lavajatismo se transformou em prática arbitrária. Dallagnol precisa saber que a busca pela reparação passa pela identificação dos chefes.

Seu chefe era Sergio Moro, de forma torta, enviesada, ilícita, mas era. Dallagnol precisa fazer o que ensinou aos réus da Lava-Jato.

Sergio Moro não tinha apenas o domínio do fato, ele criava o fato, o fato só existia por intervenção direta do ex-juiz.

E Dallagnol era o seu ajudador. Ativo, prestativo, interativo, impulsivo, assertivo, mas um ajudante. O projeto justiceiro de Moro em Curitiba destruiu Dallagnol.

3 thoughts on “Dallagnol foi a primeira vítima de Sergio Moro

  1. Este verme canalha cometeu vários crimes contra a sociedade brasileira o maior deles ter ajudado a eleger o bosta genocida. Tem que pagar por seus crimes na cadeiA .

  2. Moro, DD e a turma de Curitiba projetam o retrato dos nossos “concurseiros”. Jovens oriundos da classe média, com capacidade financeira para pagar cursinhos preparatórios de alto custo. Após aprovados consideram-se mais inteligentes que o resto da população. Em consequência, exigem tratamento diferenciado, enquanto funcionários públicos. Não satisfeitos com os privilégios que os respectivos cargos lhes proporcionam, “meritocraticamente” falando, partem para o justiçamento. Pouco importa as consequências. A LJ é um exemplo inesquecível. Empresas fechando as portas, pessoas perdendo seus empregos e enquanto isso os funcionários públicos heróis da imprensa corporativa acumulavam diárias e mais diárias em suas contas bancárias sem serem Incomodados.

  3. há uma frase atribuída a Stalin que vai mais ou menos (bem mais ou menos) assim:

    “Os generais geniais eu trago para a Stavka; os generais inteligentes eu mando para o front; os imbecis com iniciativa eu mando fuzilar.

    O DD é um imbecil com iniciativa que não foi “fuzilado” pelo pelo CNMP.

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