LULA VOLTARÁ MAIS FORTE DE BUENOS AIRES
A viagem de Lula à Europa o fortaleceu politicamente entre os líderes mundiais, enquanto Bolsonaro vira um traste da extrema direita, hoje só com os votos dos robôs da internet.
A visita desta sexta-feira à Argentina será para Lula mais do que a repetição de um gesto de acolhimento dos democratas, depois do cárcere político.
Buenos Aires vai revigorá-lo afetivamente na região e reapresentá-lo como o mais importante líder latino-americano.
Lula participará da Festa de Democracia na Praça de Maio, ao lado de Alberto Fernández e Cristina Kirchner. Será um ato grandioso pelos 38 anos do fim da ditadura.
Cristina gravou um vídeo divulgado no Twitter em que avisa que Lula estará presente. Os argentinos vão cantar e dançar, e o ex-presidente é a atração do evento.
O peronismo kirchnerista espera juntar a maior multidão desde a volta ao poder em dezembro de 2019, num momento em que a extrema direita mostra as unhas.
Certamente será também o maior ato com a presença de Lula desde a sua libertação, e na praça que marca a resistência das mulheres a todas as ditaduras.
Quase quatro décadas depois, a Argentina continua caçando os bandidos que trabalharam para os militares e ainda estão escondidos, porque lá eles não conseguem dormir.
Os foragidos da Justiça enfiam-se nas frestas de casas de parentes e amigos como se fossem ratos. No mês passado, a polícia encontrou o coronel Carlos Cialceta, na cidade de Salta. O torturador, sequestrador e assassino estava entalado dentro de um armário.
Lula também vai receber o Prêmio Azucena Villaflor, que o governo concede a defensores dos direitos humanos, no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Bolsonaro já avisou que não gostou da ideia da visita e das homenagens, porque o inimigo será recebido, como aconteceu em Paris, com honras de chefe de Estado.
Sente-se ofendido o sujeito que manifesta livremente, sem qualquer risco, sua adoração por ditadores e torturadores, num país em que todos eles foram anistiados para sempre, inclusive os que cometeram crimes de lesa humanidade.
Argentinos, uruguaios e chilenos não fizeram essa concessão integral aos criminosos, e a Bolívia, com a prisão e o futuro julgamento dos golpistas de 2019, caminha na mesma direção.
O Brasil virou o que é, com as aberrações políticas e humanas da dimensão de um Bolsonaro e de suas facções, porque a Justiça preferiu esconder o passado de crueldades e arbitrariedades dos militares.
É filho da impunidade o risco permanente da tutela exercida por algo semelhante a um tenente cercado por generais, como caso único na América Latina.
A complacência com a ditadura, reafirmada pelo Supremo, que impede ações criminais contra torturadores (por entender que anistia foi ampla e inquestionável), transformou o Brasil numa ilha de impunidade.
Quando Bolsonaro diz que é melhor perder a vida do que a liberdade, o que há na frase é um deboche com as famílias e a memória dos que de fato perderam a vida em defesa das liberdades, ao enfrentarem o horror que o genocida exalta.
Lula voltará mais forte de Buenos Aires para enfrentar um desafio que está posto antes mesmo de seu retorno ao poder: a devolução dos militares aos quartéis, para que cuidem das suas guerras imaginárias com a Venezuela, deixem que vender e comprar vacinas de quadrilhas e devolvam o governo aos civis.
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O vídeo em que Cristina Kirchner convoca o povo para o encontro com Lula nesta sexta-feira.
El viernes nos volvemos a encontrar en la Plaza de Mayo ♥️?? pic.twitter.com/m4FLiOO8ZU
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) December 8, 2021
E alguém acha q os militares entregariam facilmente o país à democracia sem algo em troca? Só q a fome voraz por algo maior não os fez esperar mais, e estão passando a boiada com um modelo de blitzkrieg tupiniquim, baseado em uma democracia mambembe e uma justiça venal para arrasar com o país. A questão principal é: o que será feito deles amanhã?