NÃO HÁ COMO CENSURAR: A INTERNET ESTÁ INFESTADA DE TEXTOS SOBRE A DINHEIRAMA DOS BOLSONAROS

Qualquer um pode encontrar, em muitos sites na internet, a reportagem do UOL censurada por ordem do desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Cavalcanti mandou que o site tire do ar, como se dizia antigamente, as informações sobre a compra de imóveis da família Bolsonaro com dinheiro vivo.

O desembargador ordenou também que a reportagem e outros conteúdos relacionados sejam apagados das redes sociais da jornalista Juliana Dal Piva, autora das reportagens com Thiago Herdy. Há cópias dos textos por toda parte.

O desembargador acha que os textos não podem circular porque se baseiam em investigação do Ministério Público do Rio sobre os rolos dos filhos de Bolsonaro com dinheiro vivo.

E que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou parte dos dados da investigação, oriundos de quebra de sigilo bancário e fiscal. Assim, os dados não podem ser usados.

Direita e extrema direita quase sempre têm suas demandas atendidas pela Justiça. Esse debate sobre o que pode ou não ser publicado só existe quando os interesses em jogo são de alguém dessa turma.

O jornalismo não lida com essas interdições, ou não haveria jornalismo. As mensagens trocadas entre Sergio Moro e seus rapazes da força-tarefa de Curitiba foram obtidas de forma ilegal por um hacker.

Mas foram divulgadas por todos os veículos interessados em fazer jornalismo. Porque as mensagens eram verdadeiras e de interesse público. Denunciavam conluios na Lava-Jato e revelavam como Moro mandava no Ministério Público.

No Brasil, sonegadores entram na Justiça para que não tenham suas sonegações divulgadas e para que não sejam chamados de sonegadores.

Algumas vezes vencem, talvez na maioria das vezes, mas também perdem. Porque juízes republicanos compreendem que o que importa é a informação, diante da pressão do poder econômico e da censura.

Essa censura contra o UOL apenas ajuda a divulgar por mais tempo uma reportagem cuja repercussão já estava se esgotando. O desembargador conseguiu trazer o assunto de volta.

O UOL vai tirar o texto da internet, porque deve obedecer determinações da Justiça, mas as cópias estão por aí. Há dinheiro vivo dos Bolsonaros espalhados por toda parte.

A internet está infestada de textos sobre a compra de imóveis com lavagem de dinheiro. Não há o que fazer.

Não há censura capaz de impedir a divulgação das pilantragens da família. Quanto mais censura, mais divulgação e mais exposição e mais gente tendo acesso às informações sobre as bandalheiras.

Tanto que as informações sobre o patrimônio imobiliário da família Bolsonaro dispararam no WhatsApp depois da censura. Nesta sexta-feira, as citações aos imóveis foram 2,6 vezes mais frequentes do que quando a primeira das reportagens agora censuradas foi ao ar, em 30 de agosto.

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O JORNALISTA PASSA A SER O CRIMINOSO
O site Conjur informa que os advogados de Flávio Bolsonaro ajuizaram queixa-crime contra os dois repórteres autores da reportagem agora censurada.

Eles alegam que a revelação de que a família Bolsonaro comprou 51 imóveis com pagamento total ou parcial em dinheiro vivo, desde a década de 1990, consiste em prática de calúnia e difamação.

O que pode acontecer? Pode ser que Juliana Dal Piva e Thiago Herdy sejam condenados e considerados criminosos.

É só a ação cair nas mãos de um juiz que acha que a divulgação das falcatruas da família é crime. Também é assim que funciona o sistema de Justiça no Brasil, na Polônia, nos Estados Unidos e nas Ilhes Virgem.

Os poderosos ainda determinam em toda parte o que é o que não é crime. Mas os Bolsonaros daqui a pouco não serão mais tão poderosos.

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QUE BOMBA
Por sorteio, caiu no colo do ministro André Mendonça o recurso do UOL contra a censura à reportagem.

O UOL tentará reverter no Supremo a liminar e liberar a reportagem. Imaginem a situação de Mendonça como relator desse caso.

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