O procurador metido a professor

Uma das grandes cenas do Jornal Nacional desta sexta-feira foi a carraspana que o procurador Sérgio Bruno Fernandes passou em Emílio Odebrecht, durante um dos depoimentos de delação.

Ouvia-se apenas a voz decidida de Fernandes, que não aparecia na tela, enquanto a câmera focava o empresário, que escutava e sorria.

O procurador disse a Odebrecht que era “hora de jogar limpo” e denunciar a ação dos ministros Palocci e Mantega como pedintes de propinas de recursos que poderiam ser usadas em escolas e hospitais.

E aí largou essa lição, que se repete em boa parte do discurso moralista ingênuo:

– O senhor tem a visão dos Estados Unidos e da Europa, e então eu lhe pergunto: lá isso acontece?

O procurador pode não saber, mas é claro que acontece. E o empreiteiro poderia ter dito que acontecia no Brasil. Que sempre aconteceu. Que seu pai fazia e que ele também fez ‘doações’ camufladas, sistematicamente, a todos os governos, dos militares aos tucanos. E que seu filho apenas continuou fazendo.

Mas Odebrecht, fragilizado, permaneceu quieto, e o procurador brilhou como professor no JN. Segundo ele, autoridades não corrompem e não são corrompidas na Europa e nos Estados Unidos.

Como diria o Joãozinho, no fundo da sala: ah, bom.

 

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