O abandono de Maduro

Maduro é o mais acuado dos governantes eleitos em todo o mundo. O massacre da oposição perdedora, com ressentimentos crônicos por não conseguir vencer uma eleição, apenas transferiu de Chávez para Maduro o cerco incessante das hienas nacionais e estrangeiras.
Ele era um genérico do chavismo e logo seria derrubado. Não foi. Não levar em conta esse histórico, com a intensificação da fúria sem tréguas de uma oposição sem qualquer respeito pela democracia, é tentar fazer análise política com as ferramentas de pensadores liberais europeus.
A esquerda brasileira poderia fazer uma concessão e ver Maduro como um sujeito sem muitas escolhas no enfrentamento de golpistas que não desistem nunca. A oposição venezuelana tenta fazer há décadas o que a direita fez com Dilma no Brasil.
Cercar, desestabilizar, quebrar confianças, esculhambar com uma economia já fragilizada por uma crise, até ninguém aguentar mais. Maduro não deveria ter convocado a eleição para a Constituinte? É ele o culpado pela morte de manifestantes que explodem policiais nas ruas?
Maduro é um cão encurralado, mas um cão eleito e sem muitas escolhas. Mas parte da esquerda mundial acha que ele deveria conduzir uma política dos bons modos e, quem sabe, ser um Gandhi latino-americano.
Não tenho simpatia por Maduro, que comete todo tipo de barbeiragens. Não tenho inspiração nem instrumentos para analisar sua figura. Mas tento entender suas circunstâncias e suas reações autoritárias no contexto de uma guerra feroz, interna e externa, que nunca será bem compreendida por pensadores da esquerda escandinava.

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