O filho do papai

 

Se o imponderável derrubar o jaburu-da-mala, e Rodriguinho Maia chegar ao poder, não teremos eleição em 2018. Se a Globo conseguir desta vez o que não conseguiu quando da votação da primeira denúncia contra o jaburu, Rodriguinho assume e fica.

O ambiente que a direita deseja estará criado pelo novo golpe. O país se livra do jaburu e volta a andar, empurrado pelo Jornal Nacional, e o eleitor é induzido a pensar que uma eleição pode tumultuar ainda mais a democracia. Rodriguinho ficaria no governo provisório, por um arranjo qualquer, até quando quisesse.

O eleitor médio não sabe quem é Rodriguinho. Ele é o sujeito que, no dia 17 de abril do ano passado, quando a Câmara autorizou a abertura do processo que levou ao golpe, declarou seu voto dirigindo-se assim ao chefe da quadrilha, Eduardo Cunha: “Senhor presidente, o senhor entra para a história hoje. Pela minha família, mas principalmente pelo meu pai, que foi, quando prefeito do Rio, o prefeito Cesar Maia, atropelado pelo governo do PT. O PT rasga a Constituição no Rio e rasga a Constituição aqui. O meu voto é sim”.

Rodriguinho votou por vingança, pelo pai e por seu líder Eduardo Cunha, que logo depois seria preso e abandonado por seus seguidores. Mas lá em abril ele era apenas deputado do PFL.

Agora, é presidente da Câmara, onde chegou porque seu guru foi mandado embora pelo Supremo, mas só depois de fazer o serviço sujo. Rodriguinho prepara-se para o segundo salto, que falhou quando da votação da primeira denúncia contra o jaburu.

Ontem, ao atacar o advogado do jaburu, que criticou a Câmara por ter divulgado trechos da delação do doleiro Lucio Funaro, Rodriguinho disse:

“Nunca imaginei ser agredido pelo advogado do presidente Temer. Depois de tudo que eu fiz, esta agressão não faz sentido. Daqui para frente vou, exclusivamente, cumprir meu papel institucional, presidir a sessão”.

Contra Dilma, ele fez a revanche, em defesa de papai e em homenagem a Eduardo Cunha, para que este entrasse para a história. Mas o que ele fez pelo jaburu, como presidente da Câmara, quando da votação da primeira denúncia?

Que história é esta de que desta vez ele irá cumprir apenas seu papel constitucional? Que papel o sujeito cumpriu na primeira votação? Numa situação normal, se o Brasil estivesse sob normalidade, ele deveria esclarecer.

E para lembrar: desde abril do ano passado, por autorização do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, Rodriguinho e seu pai vingado no golpe são investigados por recebimento de “pagamentos irregulares” da Odebrecht (da direita, nunca é propina).

O filho e o papai foram denunciados por cinco delatores (CINCO). Só para dar um exemplo. Em 2008, o filho pediu, para ele e para papai, e recebeu R$ 350 mil da empreiteira. Mas nem ele nem o papai vingado eram candidatos a nada. Se não eram, receberam pra quê e por quê?

Em 2010, o filho pediu e levou da empresa, só para o papai, mais R$ 600 mil. Papai era candidato ao Senado. Onde estão os registros? Ninguém sabe.

Pois este é o cara que pode dar o golpe no jaburu. Os analistas acham improvável. Mas os analistas disseram que a ‘ditadura’ de Maduro iria acabar na Venezuela no fim de semana.

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