O GAROTO

Neymar é tratado por muita gente como um garoto. Bolsonaro trata os filhos, todos figuras públicas, com cargos públicos, também como garotos.
Há gente da esquerda que trata o gestor de Porto Alegre e o gestor do Estado como garotos. Há uma desculpa com o fato de que todos se parecem com garotos, mas não são garotos.
O Brasil se infantilizou tanto, e mais ainda em tempos de bolsonarismo, que homens feitos hoje são tratados como adolescentes quando cometem erros ou delitos. Alguns delitos graves, como a cumplicidade com milicianos.
Já ouvi dizer que o gestor do Estado é um bolsonarista envergonhado, mas é um garoto, o que poderia atenuar sua opção pela direita dissimulada.
Neymar é protegido como se fosse um filho de Tite e da mãe CBF. O jornalista Ricardo Perrone, blogueiro do UOL, observa hoje que Edu Gaspar, coordenador da Seleção, refere-se ao caso de Paris sempre se dirigindo ao pai de Neymar.
“Informei ao pai do atleta que essa assessoria jurídica está aqui para centralizar as informações e, a partir daí, tentar resolver o caso o mais rápido possível pra ele poder ter a cabeça tranquila e seguir na Copa América”.
Informou o pai do atleta? Por que não diz que informou o atleta?
É assim que age Bolsonaro em relação aos filhos. Os garotos foram advertidos, os garotos foram chamados, os garotos são boa gente, o garoto não sabe onde anda o Queiroz.
O Brasil é um país de garotos filhos de gente poderosa, ou eles mesmos são poderosos, ou herdeiros políticos de gente poderosa.
É uma tentativa de ser indulgente com quem, num país sob normalidade, não teria tanta proteção.
Neymar, Carlucho, Flavio, Eduardo não são garotos, para citar apenas esses exemplos. Todos estão diante de momentos cruciais das suas vidas como figuras públicas. A direita da arminha de dedo tem que crescer.

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