O Natal e os farsantes

Sempre penso no Natal como uma tentativa de nos manter protegidos pela memória da nossa infância, da sabedoria de mãe, tias, avós.
Mas já achei que isso não tinha sentido, já pensei que ser cristão era rejeitar o Natal do peru e do capitalismo e não festejar mais nada, já achei tanta coisa que desisti de achar.
Hoje, nem me interessa mais se o Natal é uma data comercial. Fiquei com o que me sobrou do sentimento de que é bom tentar ser cristão, pelo menos tentar. A ideia essencial do cristianismo como coletivismo e solidariedade já me basta.
E a Bíblia como obra literária magistral também me consola, mais ainda porque a minha era da minha mãe e está aqui ao meu lado com as marcas que ela deixou em cada página.
Por isso desejo um bom Natal aos meus amigos. E desejo também que os usurpadores do cristianismo (aliados dos farsantes pregadores de um Deus acima de todos) sejam devorados biblicamente pela própria farsa.
É meu lado cristão, digamos assim, mais evangelho de Mateus, por um Cristo pregador, mas ainda criança, refugiado, migrante, negro, índio, mestiço, político, transgressor e revolucionário.
Vamos nos proteger dos falsos profetas. Vamos resistir ao avanço deles.
(A foto é do ator Enrique Irazoquim, o Jesus do belo filme O Evangelho Segundo Mateus, de um gênio cristão e comunista chamado Pier Paolo Pasolini)

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