O PALESTRANTE DELTAN DALLAGNOL NOS DEVE UM POWERPOINT

O procurador Deltan Dallagnol não deve ter cometido nenhuma inverdade quando disse que doou parte do cachê de R$ 219 mil ganhos com palestras no ano passado. Doou uma parte. Esta é a informação. Mas que parte é esta?

Se doou R$ 9 mil, sua informação terá sido correta. Doou uma parte. E ficou com a outra parte de R$ 210 mil.

Por isso é decisivo, para que não se diga que o procurador usa o cargo para ganhar dinheiro com palestras sobre o que faz na força-tarefa especial do MP (e que deveria divulgar de graça), que ele esclareça que tamanho tem a parte que ele  doou. E para quem e quando foi feita a doação.

Cheguei a pensar que esse esclarecimento deveria ser feito apenas aos corregedores que investigam suas palestras. Mudei de opinião. O procurador gosta das coisas bem esclarecidas e terá a chance de dizer quanto ganhou, quanto doou e para quem.

E não venham de novo com a conversa de que as palestras são legais e que podem ser admitidas como similar à atividade de docente. São legais? Devem ser. Mas não são a mesma coisa.

E esta etapa da legalidade já foi superada. Também não é preciso que se debata mais se um homem público deve ser pago para falar do que faz em palestras de divulgação das boas intenções da Lava-Jato.

O consenso é este: a cobrança, nesses casos, é no mínimo uma atitude moralmente controversa. O que se quer saber é: ele é um palestrante-filantropo? Em que medida? Ou a filantropia é marketing?

Que o procurador, se quiser, desenhe o que diz. Aguardemos então o powerpoint com uma rosácea de bolinhas azuis.

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