Por que nunca é a hora certa para prender Bolsonaro?

Multiplicam-se as notícias sobre o pedido de cautela de ministros do Supremo diante da possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro. Como aconteceu nas muitas vezes em que o sujeito esteve acossado.

São informações dos jornalões, mas sem fontes. Sempre foi assim. Pedem cautela como aflitos que pedem água de melissa. Mas quais ministros recomendam ponderação, se o STF tem 11 integrantes? Kassio Nunes Marques e André Mendonça?

Esses dois diriam que não é hora de prender Bolsonaro. Nem agora, nem daqui a alguns dias ou em momento algum. E os outros ministros?

Está provado que o sujeito treinou para a fuga, preparando-se para o que poderia vir a ser um asilo na casa dos húngaros. Mas prendê-lo agora, é o que dizem, não seria recomendável.

O sistema de Justiça sempre deu uma segunda, uma terceira, uma quarta chance a Bolsonaro. Até que passou a dar infinitas chances de sobrevida ao sujeito.

Começou com as ações no TSE que o acusavam de agir com deslealdade na eleição de 2018. Bolsonaro e Hamilton Mourão foram absolvidos.

Bolsonaro é o primeiro criminoso citado no relatório da CPI da Pandemia enviado ao Ministério Público em outubro de 2021. O pedido de indiciamento foi arquivado pela Procuradoria-Geral da República.

Bolsonaro transformou presentes das arábias em muambas, forjou cartão de vacina, articulou um golpe e fugiu para os Estados Unidos antes do 8 de janeiro. Porque não sofria nenhum tipo de constrangimento e estava livre e solto.

E agora dormiu por duas noites na embaixada da Hungria, para saber se poderia receber asilo de Viktor Orbán, um dos mais furiosos fascistas do mundo. Foi à embaixada fazer um ensaio.

Em todos os casos que envolvem Bolsonaro, nada avança no sentido de contê-lo. Nunca é o momento certo. Só avançaram as ações na Justiça Eleitoral, porque agora ele está fora do poder. Por isso foi tornado inelegível.

Todos os crimes cometidos por Bolsonaro são apreciados com pedidos de cautela. Não é hora de cercar, não é hora de prender, não é hora de fazer nada de mais drástico contra o sujeito que fez o que bem entendeu em quatro anos de governo.

O fato novo é que Bolsonaro foi flagrado recebendo abrigo, mordomias e carinho do embaixador húngaro. Dormiu por duas noites sob a proteção de Miklós Halmai, como mostrou o New York Times.

Alterou toda a rotina da embaixada, que mandou seus funcionários ficarem em casa. Porque de 12 a 14 de fevereiro tudo poderia acontecer ali, se Bolsonaro, um criminoso comum, forjasse um asilo como perseguido político.

E agora o Brasil todo debate, com os mesmos juristas sempre de plantão, se a preparação para uma fuga não é uma afronta à Justiça e não deve provocar prisão preventiva.

E a palavra mais usada é a que aparece lá no começo: cautela. Porque Bolsonaro submeteu os juristas de plantão, a grande imprensa e o sistema de Justiça brasileiro às suas vontades, quando esteve no poder, e tenta prolongar essa submissão, mesmo que esteja mais medroso e acossado.

A hora, o tempo, a oportunidade, tudo ainda é determinado por Bolsonaro, apesar do cerco ao golpismo e da bravura de Alexandre de Moraes. Mas Moraes não pode tudo.

Há duas figuras que driblam polícia, Ministério Público e Judiciário há muitos anos: Bolsonaro e o autoproclamado véio da Havan, o ex-bolsonarista e agora quase lulista que Alexandre de Moraes tentou tirar da toca ao desqualificá-lo como bajulador fantasiado de verde periquito.

Os dois são os mais cercados e são também, pelo conjunto de investigações, os mais impunes. Porque a hora de dar o bote e contê-los nunca é a adequada.

Bolsonaro parece querer informar o MP e o Judiciário, mesmo sob cerco, que ele saberá dizer a hora certa de ser preso.

3 thoughts on “Por que nunca é a hora certa para prender Bolsonaro?

  1. Pode ser que nunca seja a hora porque todos os inquéritos terão que confluir para um único fato, o mais importante: a tentativa do golpe.

    Ainda não se sabia por que ele havia falsificado o cartão de vacinação. Era um crime menor, sobre o qual praticamente não ia recair pena. Mas a falsificação teve relação com o golpe na medida em que, a partir dos EUA, ele esperaria que “o povo” saísses dos acampamentos nos quartéis e tomasse o poder.

    Moraes está dando corda para ele se enforcar. A cada dia que passa são novas tentativas de crime de driblar a justiça: ataques coléricos do Malafaia, dormir na embaixada e por ai vai.

    Agora, moises, você está gostando da Folha defendendo o delegado que participou do assassinato da Marielle? “Excelente professor”, “não há provas”, “não há indícios”…

    Você tinha razão, o jornal apodreceu

  2. Caro Moisés, não é cautela, tenhamos paciência. Estou adorando ver o cagaço do imbrochável, do imorrível, com aquele olhar perdido de quem não consegue pensar, ou o olhar paranóico de quem deve andar espiando até debaixo da cama. O ar atormentado que exala a cada aparição, o mesmo medo que milhões sentiram da covid ele está experimentando agora. Eu não desejo a prisão agora, quero tudo no papel, tim-por-tim, com calma, cercado por todos os lados e morrendo de medo porque não sabe quando nem como. Eu desejo vê-lo ainda por um bom tempo com todo o medo que alguém pode sentir, maquinando saídas, golpes, tentando escapar como um rato. Quero acreditar que a hora dele chegará, mas até lá não terá um minuto de sossego. Esta aí nossa vingança, depois que venha a justiça.

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