Ruy Castro paga o mico da ignorância arrogante

Ruy Castro conseguiu ser apenas um arrogante desinformado ao escrever na segunda-feira na Folha sobre a recente tradução do Finnegans Wake, de James Joyce, sem citar em nenhum momento uma versão anterior tão desafiadora quanto o original.

Essa obra é a tradução completa, a primeira no Brasil, de 1999, de um livro considerado intraduzível. O autor da façanha, para a Ateliê Editorial, é o professor da UFRGS, poeta, romancista, tradutor e ensaísta Donaldo Schüler, uma das mais brilhantes e desconcertantes mentes brasileiras.

Por que Ruy Castro ignorou a tradução de Finnegans Wake, que muitos críticos consideram monumental, feita por Schüler? Porque a bolha intelectual desse pessoal os condena às ignorâncias dos soberbáticos.

O tradutor gaúcho não é da turma deles. Simplesmente não existe para alguns paulistas e cariocas do pensamento blasé.

Para Ruy Castro, um Donaldo Schüler vale menos do que um Merval Pereira, seu colega de chás da tarde na Academia Brasileira de Letras.

Por isso, por desinformação, ele ignora um trabalho único no Brasil, até porque a tradução feita depois, e citada no artigo por ele, é coletiva. Não precisa ter lido a tradução de Donaldo Schüler, mas deveria saber que existe.

É uma coisa esnobe e constrangedora para alguém que não poderia pagar esse mico.

Para quem se acha acima dos mortais, por discorrer sobre uma obra complexa e que poucos de fato leram, passa arrogância e ignorância, que são mais do que uma rima.

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