ROTEIRO PARA UMA SÉRIE SOBRE POLÍTICA OU SOBRE MÁFIAS

Um roteiro com idas, vindas, dissimulações e traições para uma série política da Netflix, mesmo que dificilmente venha a ser aprovado, por ser absurdo do começo ao fim:

1. Campanha ao governo do Estado em 2018. O protagonista, apesar de ter um discurso bem fofo, abre o voto para Bolsonaro, com quem tinha afinidades na área da política e apenas algumas discordâncias, muito pequenas, na área dos costumes, do racismo e da homofobia.

2. Já eleito, é um dos governadores que se aproximam do guru de Brasília e depois abre as porteiras do Estado para farta distribuição de cloroquina na rede de saúde, por conta do apoio que recebeu da extrema direita bolsonarista e cloroquinista, que ocupa pelo menos um terço do governo.

3. Quando percebe que continuar ao lado de Bolsonaro teria um alto custo, passa a fazer declarações críticas pontuais ao bolsonarismo, mas nada muito categórico, até porque carregava um B gigantesco na testa e, quando se encontravam, apertava com força a mão do sujeito.

4. Candidata-se a disputar as prévias do PSDB, para escolha do nome do partido a presidente da República, que é o seu grande e egocêntrico projeto político desde tenra idade. Assume o compromisso de que vai trabalhar pelo vencedor.

5. O vencedor das prévias é o governador do Estado mais poderoso do país, o homem da vacina, o grande inimigo de Bolsonaro. Mas logo depois do resultado o perdedor inicia um movimento para golpear o vencedor, com a articulação de um amigo envolvido com os voos de um helicóptero de Minas e aves de belas plumas do PSDB.

6. Sem sucesso na tentativa de golpe, renuncia ao governo do Estado, para tentar uma nova manobra. O projeto era esse: pular do ninho tucano para a casinha do PSL. Mas também esse movimento acaba sendo um fracasso, porque a casinha é apertada e cheia de gente estranha e de goteiras, e o IPTU é muito alto.

7. Sem vaga no PSL, o projeto do golpe no colega paulista é retomado, com ação intensa do sujeito do helicóptero de Minas e agora com o apoio explícito de gente graúda do tucanato. O plano era derrubar o vencedor das prévias, já bastante enfraquecido, na festa da convenção do partido.

8. Mas o candidato cercado renuncia à candidatura, e o golpista passa a vender a ideia de que ele seria o candidato ideal da terceira via, reunindo toda a direita que não aceita Bolsonaro numa boa. A eureka não dá certo.

9. Já famoso como traidor e com apenas 2% nas pesquisas, não tem fôlego para seguir em frente. É largado pelos parceiros, e o PSDB decide que o melhor seria tentar uma terceira via mais viável. E os tucanos voam em bloco em direção a uma jovem candidata dos banqueiros, do latifúndio e da boiada do MDB do Mato Grosso do Sul.

10. Com o fracasso de todos os movimentos que fez, retorna ao Rio Grande do Sul e faz o que muitos consideravam previsível. Toma do seu vice a candidatura ao Piratini e se anuncia com euforia como candidato à reeleição, apesar de ter assegurado que jamais disputaria um segundo mandato.

(Esse é o roteiro para a primeira temporada. Seria a primeira série da Netflix sem mocinho. O roteiro pode ser usado, sem a necessidade de muitas adaptações e sem dublês, para uma série sobre máfias, com a participação mais destacada do sujeito do helicóptero, com malas, golpes, primos, propinas e muita polvadeira.)

3 thoughts on “ROTEIRO PARA UMA SÉRIE SOBRE POLÍTICA OU SOBRE MÁFIAS

  1. Moisés….já pensou em virar roteirista????

    Só sobre o Helicoca, ops…helicóptero, teria a 2 temporada pronta e cheia de perguntas para uma 3 temp.

    Kkkkk

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