UMA IDEIA SINGELA PARA A POSSE DE LULA

Se o derrotado decidir passar a faixa, por arrependimento, por pressão dos militares ou por covardia, Lula deve dizer que não precisa mais, que ele irá receber a faixa de uma indígena yanomami, de uma mãe negra do Complexo do Alemão, um operário da construção civil, uma trans, um casal de gays com seus dois filhos, um motoboy do ifood, um religioso que represente todas as religiões, um peão da fronteira gaúcha, um bancário da Caixa, um policial integrado à sua comunidade, uma avó e seus netos, uma enfermeira do SUS, um artista de rua, uma servidora pública de escola municipal da área rural, uma professora de alfabetização, um gari, uma empregada doméstica, um caminhoneiro autônomo ou sem patrão golpista, um funcionário da Petrobras, um pantaneiro do Mato Grosso, um protetor da floresta e dos bichos da região norte, uma universitária cotista, uma refugiada e sua família, uma família de assentados, um morador de rua com seu cão.

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OS QUARTÉIS
Alegrete tem seis quartéis. Na adolescência, na ditadura, conseguíamos emprestados os campos das unidades para jogar bola.

Muito joguei no campo (numa coxilha) do 6º Regimento de Cavalaria Blindado, que chamavam de Sexto, e no campinho quase sempre encharcado do 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado (ou simplesmente o BE).

Às vezes os soldados do BE se misturavam à nossa turma, o que era ruim, porque eram muito maiores. Mas não havia como dizer não aos donos do campo.

Fico sabendo pelos amigos que o BE, mais perto da área central, é agora o point dos patriotas da cidade. Eles acamparam na frente do quartel, onde cantam, discursam, dançam e fazem reuniões gastronômicas.

Dizem no Alegrete que o clima na cidade hoje é pior do que na ditadura, porque o ódio está à espreita em cada esquina.