VAMOS SALVAR AS LIVRARIAS DE PORTO ALEGRE

Mestre Olívio, na Rua da Ladeira, sabe que gritam muito quando as corporações fecham as grandes livrarias de Porto Alegre.

Mas as pequenas vão morrendo e são enterradas sem ouvir nem mesmo o choro das carpideiras.

Inspirado nessa bela imagem de Olívio, captada pelo Pablito Aguiar, e depois de conversar com alguns livreiros, lanço agora a mais singela, óbvia e ululante ideia para tentar salvar livrarias históricas e/ou com vínculos culturais e afetivos com a cidade.

Essa é a ideia. Que o município subsidie o aluguel das livrarias, sem enrolações e desculpas.

São mais ou menos 20 lojas com esse perfil, a maioria na área central e no entorno.

Cidades europeias já fazem isso há muito tempo. O Rio tem uma lei de incentivo à manutenção e reabertura de lojas no centro histórico, com subsídios para alugueis.

Ah, dirão, mas aqui não tem dinheiro. Tem, sim. No ano passado, a prefeitura estava liberando R$ 1,7 milhão para uma loja da Havan na zona norte. Para plantar árvores que a empresa deveria ter plantado.

O Tribunal de Contas do Estado foi alertado e conteve a doação. Esse dinheiro que iria para um grande grupo poderia agora ser destinado ao subsídio do aluguel das livrarias.

Fiz as contas com alguns amigos. Com R$ 1,7 milhão que iriam para a loja do véio da Havan, dá para a arrancada do projeto.

Essas duas dezenas de livrarias teriam uma boa ajuda para pagar aluguel por pelo menos quatro anos.

A Porto Alegre que revitaliza calçadas, e faz bem, deveria também proteger um patrimônio cultural da cidade que vai ficando quase invisível.

O fim de uma livraria não é apenas a morte de um negócio. É a perda de parte da alma de Porto Alegre. É a degradação da autoestima de lugares de trocas e convivência.

Prefeitura, vereadores, ONGs, editores, livreiros, todos os que pensam mais em livros do que na megalomania da maior roda gigante do mundo podem se envolver nessa ideia.

Além das livrarias, um dos mais antigos livreiros de Porto Alegre, um livreiro hoje sem livraria, mas que é talvez o grande combatente pela leitura da capital, esse Dom Quixote da literatura seria tombado como patrimônio do município e participaria do rateio nos mesmos moldes das livrarias.

É Bolivar Gomes de Almeida, que manteve nos anos 90 a Bolivros e sempre foi o mascate dos livros, andando com sua mochila pela cidade.

Essa é a ideia. Como fazer tudo isso funcionar? Com boas conversas, que saiam das questões envolvendo orla, asfalto e projetos grandiosos.

Vamos salvar as livrarias de Porto Alegre, no contexto da salvação do centro, por uma questão urbana, cultural, humanitária e moral. Sim, também por imposição ética e moral.

Sai barato. E esse talvez seja o maior problema para muita gente.

Virgínia Pacheco


3 thoughts on “VAMOS SALVAR AS LIVRARIAS DE PORTO ALEGRE

  1. Moisés, nao sonhe, pois o que
    Esperar dum prefeito que pediu
    Para seus municipes darem a vida
    Pela cidade . Bolsocidas como
    Ele nao leem coisa que presta,
    Nao adianta é malhar em ferro
    Frio sua idéia.

  2. É mais fácil este prefeito incentivar editoras de fake news do que livrarias e sebos. mas o sonho é bonito. Aliás, o vice prefeito deve ter ganhado algum incentivo para propagar fake news.

  3. Muitos livRos Eu comprei do Bolívar. E tem coisa melhor que Uma livraria?
    Acredito no dItado “áGua mole em pedra dUra, tanto bate até Que fUra” . Insistir na Ideia, compartilhando nas rEdes sociais
    Boa soRte para nós que amaMos luvros impressos

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