O tempo e o frio de Cambará
Saí de um estacionamento no centro de Porto Alegre agora há pouco e ouvi a frase que não ouvia há horas. O manobrista disse a um cliente, ao entregar a chave do carro, esfregando as mãos:
– O tempo é curto…
O homem concordou, talvez sem tempo para controvérsias, e os dois se dispersaram. Não sei por que o tempo, além de frio, ficou curto para o manobrista. Mas está ficando curto para os golpistas.
Como o tempo parecia comprido hoje pela manhã, dei uma recorrida nos pensadores da direita na internet (sim, leio-os e faço-o por assim entender que fico orientado sobre seus movimentos e fá-lo-ei sempre que puder).
Há uma desorientação geral entre os apoiadores do golpe diante da dúvida sobre a capacidade de gestão de Michel Temer. Não como governante, mas como administrador da crise que arrasa com seu partido e interfere no que ele pretendia fazer – se é que pretendia alguma coisa.
Já há uma divisão clara entre os “formadores de opinião” do golpe. Alguns passam a sensação predominante da dúvida, outros já mandam o aviso de que podem saltar fora e uma minoria continua agarrada à ideia de que Michel Temer é o nosso salvador.
Outro contingente, antes extremamente valoroso, agora dedica-se apenas a comentar o frio de Cambará. Que golpezinho de adesistas estranhos este. E o tempo fica cada vez mais curto.