Foi bom ouvir de novo o grito de guerra dos sem-teto, ontem, na ocupação de São Bernardo do Campo que recepcionou Caetano, Sônia Braga e outros artistas (engraçado que eles podiam reunir milhares de pessoas, ver Caetano no palco, ouvir discursos, mas ninguém podia cantar, porque a Justiça não deixou. Discursar pode, mas cantar não pode).
Vi no canal da Mídia Ninja. O Brasil todo poderia reforçar este grito, em algum momento, quando o trauma das panelas finalmente for embora: “Aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar”.
Hoje acordei otimista, porque só de ver a Sônia Braga diante daquele monte de gente já faz bem. Viva Sônia Braga. Viva Alinne Moraes. Que outros artistas sem medo podem se juntar a elas?
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Como golpear o golpe
Sônia Braga é a embaixadora da democracia brasileira nos Estados Unidos. É preciso que mais gente assuma este papel com a mesma voz forte e determinada na Europa e em outros continentes. O que ela disse em Miami hoje, após a exibição do filme Aquarius, tem um poder de síntese arrasador:
“Há um golpe no Brasil, não é um golpe militar. É muito difícil para as pessoas fora do Brasil saberem exatamente o que está acontecendo e a dimensão do perigo pelo qual estamos passando”.
A atriz disse por que percebe que o golpe subtrai conquistas sociais da grande maioria. Contou que a mãe costureira cuidou sozinha de sete filhos e afirmou:
“Sempre tive sentimentos intuitivos sobre o que é bom e o que é justo para meu país e meu povo. E o que posso fazer melhor é dizer em voz alta o que sinto”.
Sônia Braga se deu conta de que o golpe pretende ser permanente e está apenas no começo. Os estrangeiros devem saber disso, porque a capacidade de resistência interna vai depender também das reações vindas do Exterior.
Os estudantes que ocupam escolas têm condições de transformar o movimento em algo muito mais poderoso do que uma manifestação de contrariedade às reformas pretendidas pelos homens do Palácio do Jaburu.
A ocupação das escolas pode ser a força inspiradora de uma mobilização nacional capaz de golpear o golpe.
Aquarius
Finalmente, fui ver Aquarius. Parece que Sônia Braga nunca morou nos Estados Unidos e sempre esteve, na verdade, escondida naquele apartamento da Praia da Boa Viagem.
O cinema brasileiro já tem um grande filme sobre o caráter da ala empresarial da turma que fez o golpe.
Se há consolo, a resistência ao golpe tem a arte e a militância de uma Sônia Braga exuberante como a jornalista Clara no seu duelo contra os mafiosos.
É um filme muito incômodo para a direita, a miúda e a graúda.