OSMAR TERRA ERRA MAIS DO QUE O TIOZINHO
Osmar Terra, por enquanto ex-futuro ministro da Saúde, é aguardado por milhões de brasileiros. Quando finalmente virar ministro, porque se anuncia como inevitável, Terra poderá explicar tudo o que disse e pensa sobre o combate à pandemia.
Primeiro, terá de explicar por que chutou e errou feio sua previsão de que o número de mortes no Brasil seria insignificante. E depois terá de comentar o que pensa do seu antecessor.
Todos os que assumem cargos bajulam a figura que sai, mesmo que o afastado seja seu grande inimigo.
No dia 31 de março, Terra disse o seguinte a respeito de Mandetta:
“Adoro o Mandetta e acho que ele é qualificado”.
Ontem, na conversa que teve com Onyx Lorenzoni e que foi ouvida pela CNN, porque Terra deixou o celular ligado, ele disse isso sobre o ministro que pretende substituir:
“Ele se acha”.
Mandetta se acha porque é qualificado ou se acha porque pensa que é o que não é?
É complicada a situação de Osmar Terra, que saiu do Ministério da Cidadania para a acomodação de Onyx, que havia cedido o lugar ao general Braga Netto na Casa Civil.
Terra é a voz mais forte, depois de Bolsonaro, pela liberação de todo mundo, sem isolamentos, com exceção dos idosos.
A linha geral, nem sempre explicitada, mas contida no raciocínio, é esta: que se contamine meio mundo, porque aí a pandemia encurta sua passagem pelo Brasil.
É uma posição pela devastação, baseada na crendice de que o contágio acelerado criará logo imunidade para a maioria. É um médico dizendo o que todo mundo sabe que é bobagem, porque destruiria toda a estrutura de saúde.
No dia 26 de março, Terra fez esta previsão em entrevista à Rádio Jovem Pan:
“Na sexta semana, começa a cair (a curva de contágio e mortes) e termina no final de maio, início de junho”.
Estamos entrando na sexta semana, com 941 mortes e 17.857 infectados. A curva sobe, ao invés de se achatar. Terra, que é médico, erra mais do que o tiozinho que toda família tem e que enche o saco fazendo previsões.
A direita espera Terra para poder dispor do seu entusiasmo, da sua vitalidade cívica, do seu vigor ao defender suas posições e as fake news que espalha.
Se for o escolhido, ele será comparado a Mandetta e pulverizado na primeira semana. Ninguém no momento poderia substituir Mandetta com alguma vantagem. Talvez Barack Obama. Mas Obama não é medico.