A DELEGADA TEM QUE PEDIR PRA SAIR

Hoje, no contexto da violência produzida pelo fascismo brasileiro, essa informação não é irrelevante. A delegada Iane Cardoso, que vai investigar o assassinato de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu, é do mesmo grupo político do assassino.

A delegada é militante bolsonarista ativa nas redes sociais.

Na entrevista à Globo, logo depois do crime, ela se referiu ao matador como vítima e se corrigiu.

Uma militante de extrema direita deve se declarar impedida para investigar um homicídio em que o assassino agiu como matador com clara motivação política de extremista de direita.

Não é a mesma coisa que, tempos atrás, um policial tucano investigar um crime cometido por um tucano. Vale para qualquer outro partido.

Até porque antes pouco importava se o policial era ou não engajado politicamente a algum partido.

Nesse caso, não tem jeito. Uma delegada com posições bolsonaristas exacerbadas (se é que isso não significa redundância) vai investigar as motivações e as circunstâncias de um crime de ódio, premeditado, por intolerância política, cometido por um bolsonarista?

Não pode. Não será bom para ninguém e muito menos nas atuais circunstâncias.

A delegada não é uma simples simpatizante do bolsonarismo, o que é um direito de qualquer um.

É uma ativista declarada, o que também é seu direito assegurado, apesar das posições do próprio bolsonarismo de tentar desqualificar a militância política de adversários.

A barreira institucional, profissional, ética e moral se ergue porque esse caso não pode ter uma autoridade com ativismo político de extrema direita investigando um episódio em que o assassino conhecido e provado é também de extrema direita.

Esse não é um caso qualquer sobre questões do cotidiano da violência no Brasil. Não é uma acusação, uma denúncia ou uma suposição de um possível delito a ser examinado por polícia, Ministério Público e Justiça.

É um assassinato por questões políticas, com assassino identificado, que pode determinar o rumo da eleição e da democracia.

Não há dúvidas sobre a autoria do crime, a premeditação e o momento do ataque covarde.

A delegada deve dizer: estou fora. Se não disser, tudo o que fizer será questionado por direita e esquerda.

Principalmente se, para esculhambar com a investigação, começarem a surgir outras falsas motivações.

Como dizem os bolsonaristas: pede pra sair, delegada. Em nome da preservação da imagem da própria polícia, das instituições e da normalidade democrática. Se é que ainda há normalidade.

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TROCADA
Caiu a delegada Iane Cardoso, assumidamente bolsonarista, que chamou de vítima o assassino bolsonarista de Foz do Iguaçu.
Será substituída pela colega Camila Cecconello, por decisão “técnica” da Secretaria de Segurança.

Esse foi o motivo oficial: a decisão foi tomada porque a divisional de homicídios tem mais recursos e experiência para essa situação.

O dado positivo, em meio a tantas controvérsias e barbeiragens: uma mulher substitui outra mulher.

O governador Ratinho, filho do Ratão do SBT, pode ser bolsonarista, mas não é bobo.

2 thoughts on “A DELEGADA TEM QUE PEDIR PRA SAIR

  1. O que não consigo entender ainda é como existe alguma mulher que defenda, ou pior, ache que qualquer um dos Bolsonaros seja muito melhor que outros políticos. O mesmo vale para gays, homossexuais, lésbicas, negros, índios, etc. Na minha cabeça só quem poderia apoia-lo são membros da elite branca, os famosos cidadãos de bem (até aí, ninguém fala em cidadã de bem, só cidadão de bem). Talvez Freud explique, pois eu não tenho ideia. Esta pessoa é delegada antes de ser mulher, o Camargo devia ser político quando nasceu e só depois virou negro – definitivamente alguma coisa não fecha ai. talvez uma síndrome de Estocolmo, sei lá.

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