A DOENÇA DO FASCISMO

A tentação de conectar o bolsonarismo a algum tipo de patologia social ou mental pode refluir por algum tempo, mas não desaparece.

O debate do momento envolve o sujeito grandão que ofendeu o entregador num condomínio de ricos em Valinhos. As redes sociais e o jornalismo examinam o homem racista há dias.

O pai do agressor diz que ele sofre de problemas mentais, o que provoca até uma certa euforia em parte da esquerda, porque a declaração fecha com uma tese.

Se Bolsonaro é um psicopata (a teoria mais defendida), seus seguidores também devem ter algum distúrbio.

É a armadilha da simplificação, que não ofende o bolsonarismo, mas acaba por ofender os doentes mentais. Para que o bolsonarista seja agredido como alguém que não deu certo, associa-se qualquer extremista de direita a uma doença, de preferência as aparentemente mais desqualificadoras, e o diagnóstico está feito.

Há textos variados na internet, muitos com a assinatura de gente respeitável, que atribuem os desatinos de Bolsonaro às mais diversas patologias. Tudo produzido pelo impulso das suposições.

Bolsonaro, os filhos, ministros, assessores e a claque do entorno seriam parte de uma loucura contagiosa, como protagonistas ou apenas como figurantes. O bolsonarista legítimo é apresentado como alguém sem controle dos seus atos, um doente cujo mal Bolsonaro apenas acionou.

É a tentação da busca de uma explicação dita científica, por mais simplória que seja. A esquerda copia a direita.

Assim, a tese de que as almas coletivas do bolsonarismo são doentes poderia ser testada em pelo menos 10% dos eleitores (pela conta de alguns cientistas) com fidelidade incondicional ao bolsonarismo. São 15 milhões de pessoas.

O bolsonarista que agride e mata mulheres, que tem obsessão por caçar gays, negros, índios e pobres e que não esconde seu racismo e outros defeitos também seria um doente?

A teoria do bolsonarismo como doença é atenuante para a extrema direita, não é agravante. O Brasil ressuscita, inclusive com o aval de ‘especialistas’, uma abordagem desprezada desde as tentativas de avaliação do comportamento de nazistas.

O morador do condomínio pode ser, porque é algo comprovável por quem o atende, um sujeito doente. Mas 15 milhões de pessoas não podem estar sob a suspeita de que fazem parte do contingente a que ele pertence porque são racistas ou bolsonaristas.

O bolsonarista extremado não merece a proteção do argumento oferecido pela própria esquerda de que possa ser o resultado de uma patologia mental com efeitos disseminados.

A tese não ajuda. O bolsonarista militante precisa ser enfrentado na sua normalidade, mesmo como aberração social. Mas nunca pelo entendimento de que seus atos sejam impensados.

O agressor do motoboy pode ser um doente. Mas o bolsonarista pode ser apenas o que é, um fascista.

One thought on “A DOENÇA DO FASCISMO

  1. De fato, os Bolsonaristas-raiz, Como Aqueles Que Quebraram a Placa de rua Em Homenagem a Marielle, inclusive com participação do atual governador do Rio, Devem Ser Tratados Com o Rigor Da Lei, sem Atenuantes Relacionados à Saúde Mental. Para Isso, a Justiça precisa De Agilidade Nas Apurações e Rapidez Nos Julgamentos e Execuções, nada comum no Brasil.

    Quanto ao Caso De Valinhos, existe Uma semelhança no mínimo Curiosa com o Caso Do Desembargador de Santos: o Sobrenome Almeida Prado, geralmente Esquecido Pela IMPRENSA no Noticiário. Pesquisa Rápida Mostra um Número perto de 5 Mil Herdeiros Do tradicional Sobrenome. pode Ser mera Coincidência, porém como a Prática Da Carteirada No Brasil é habitual e institucional, é possível que as acusações não passarão de Um Mal-entendido.

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